É provável que o discurso inflamado da renovação política nas eleições deste ano não tenha efetividade na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará. Cinco em cada quatro deputados tentam se reeleger e pretendem se perpetuar no cargo.
O levantamento feito pelo Miséria com base no cadastro dos candidatos no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) aponta que cerca de 82% dos parlamentares com mandato disputam reeleição.
Este ano 590 pessoas registraram candidaturas e devem concorrer a uma das 46 vagas no legislativo. A amostragem não considerou as possíveis desistências que potencialmente ocorrem até o prazo determinado pelo TSE.
Entre os parlamentares que não tentarão continuar na Assembleia, apenas dois não devem concorrer a nenhum outro cargo. O deputado Dr. Santana (PT) tentará reeleger o filho, Gabriel Santana, pelo PC do B.
Odilon Aguiar (PSD) diz que se identifica com os trabalhos do legislativo, mas por decisões políticas do partido não é candidato, abrindo a possibilidade para eleição de Domingos Filho, presidente da sigla no Ceará.
Além deles, Capitão Wagner (PROS) sai da disputa e tentará vaga na Câmara dos Deputados, como deputado federal.
Para o professor de Comunicação e Política Universidade Federal do Cariri e Doutor em Comunicação, Luis Celestino, o sistema político brasileiro é favorável para perpetuação de quem já tem mandato.
De acordo com o pesquisador, pelo menos cinco entre os 30 partidos detém maior influência no curso da eleições e isso desequilibra a pulverização das reais chances das novas candidaturas.
Ainda segundo a análise, ter um mandato não garante reeleição, mas pode facilitar boa parte do processo comparado a uma candidatura nova. "Estes políticos [eleitos] acabam se beneficiando de uma equipe formada nos quatro anos de legislatura, o que evidência as ações positivas eventualmente destinadas aos locais de onde receberam os votos", diz.
Por Felipe Azevedo/Agência Miséria
Miséria.com.br
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