Alemanha busca trabalhadores fora da UE para ajudar a cobrir 1,2 milhão de vagas de empregos


Da esquerda para a direita, o ministro alemão do Interior, Horst Seehofer, o do Trabalho e Assuntos Sociais, Hubertus Heil, e o de Economia e Energia, Peter Altmaier.


Atrair mão de obra qualificada de outros países para aliviar a falta premente de trabalhadores em alguns setores e regiões da Alemanha. Esse é o objetivo dos projetos de lei endossados pelo Governo de coalizão alemão, num momento em que a extrema direita transformou a imigração em uma questão politicamente ultrassensível.
O pacote legislativo, inédito na Alemanha e que ainda tem de passar pelo Parlamento, torna mais fácil para os trabalhadores de fora da União Europeia com escolaridade média e alta irem à Alemanha em busca de trabalho sob certas condições. A iniciativa também abre a porta para que os requerentes de asilo rejeitados possam ficar no país se já estiverem integrados ao mercado de trabalho. "Precisamos de mão-de-obra de terceiros países para garantir nossa prosperidade e preencher as vagas", disse o ministro do Interior, Horst Seehofer, conhecido por sua política linha-dura sobre imigração.
A falta de mão de obra é uma das maiores preocupações dos empresários alemães, de acordo com as pesquisas, especialmente em algumas regiões do sul do país e em polos industriais no norte. A Alemanha registra uma taxa de desemprego de 4,8%, a mais baixa desde a reunificação do país. Números do Instituto para a Pesquisa do Mercado de Trabalho e Emprego (IAB), órgão do Ministério do Trabalho, indicam que existem 1,2 milhão de empregos vagos no país. Os postos efetivamente inscritos nas agências de emprego em novembro chegam a 807.000 (35.000 a mais do que no mesmo mês do ano anterior), em um momento em que a economia da primeira potência da União Europeia goza de uma saúde invejável. Faltam sobretudo trabalhadores com algum nível de treinamento profissional, como encanadores, projetistas e motoristas, e com diploma universitário, como educadores de crianças.
Além da falta de trabalhadores, a Alemanha tem pela frente previsões demográficas que apontam para o envelhecimento acentuado da população. Essas projeções também afetarão o Leste Europeu, de onde vem boa parte da mão de obra estrangeira na Alemanha e cuja chegada deverá diminuir nos próximos anos. "Esses países estão se tornando países de imigração. É preciso procurar trabalhadores fora da UE", diz Thomas Liebig, especialista em questões migratórias na OCDE.
O texto legislativo permite aos cidadãos de fora do bloco europeu irem para a Alemanha procurar trabalho durante seis meses, desde que tenham a formação necessária, conheçam a língua e disponham de meios para sobreviver durante esse período. No caso de pessoas com permissão temporária, como requerentes de asilo rejeitados, devem demonstrar que trabalham na Alemanha há pelo menos 18 meses e não possuem antecedentes criminais.
A lei surge em um momento politicamente muito delicado, em que qualquer decisão relacionada à imigração é suscetível de ser politicamente explorada pela extrema direita. A chegada de quase um milhão e meio de requerentes de asilo desde 2015 provocou um clima de ansiedade política, instigado e explorado pela extrema direita. O texto ainda deve ser submetido à aprovação parlamentar e poderá sofrer modificações.
A social-democracia havia insistido na necessidade de relaxar as exigências para permitir a entrada de trabalhadores e, acima de tudo, para que os refugiados rejeitados pudessem continuar no país, desde que integrados ao mercado de trabalho. Para ambos os membros da coalizão governamental, os conservadores e os social-democratas, essa proposta é uma clara conquista para apresentar a eleitores distanciados de um Executivo que está há meses imerso em crises internas.
Para o Governo alemão é um equilíbrio difícil: por um lado, precisa enviar um sinal duro para evitar que pareça que todos os que não receberam asilo poderão permanecer, mas, ao mesmo tempo, necessita encontrar uma solução prática para as pessoas que já estão no país e bem integradas ao mercado de trabalho", explica Liebig. As pessoas que se enquadram nesse perfil seriam cerca de 180.000, de acordo com estimativas oficiais.
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