
Depois de fazer visitas ao Nordeste para ouvir demandas e prometer políticas públicas, o ministro general Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, admitiu ontem aos parlamentares nordestinos que não tem dinheiro para ações na Região. Um dia antes do encontro, Ramos também encontrou o governador Camilo Santana (PT), em Brasília.
Apenas 30 dos 151 deputados federais da bancada acompanharam a reunião e expuseram as preocupações com obras inacabadas e a inoperância do governo na Região. Dos 22 cearenses com mandato na Câmara, apenas três estiveram com o ministro: os parlamentares Mauro Filho (PDT), Roberto Pessoa (PSDB) e Heitor Freire (PSL).
O ministro não quis fazer promessas aos deputados por alegar que não há caixa para cobrir as demandas necessárias. Não sou resolvedor de problemas, é obrigação do Governo Federal tentar resolver no que é possível, mas é um ano fiscal difícil, no fundo tudo exige recurso, e o denominador comum de todos os problemas é o recurso, disse o ministro.
Apesar do pessimismo quanto a novos recursos, o general destacou o volume de dinheiro liberado até agora para Região, R$ 4 bilhões, e ainda a previsão com recursos da cessão onerosa.
Sobre as obras paradas, como a Transposição e a Transnordestina, ele ressaltou que o governo tem consciência e está em busca de soluções. O governo tem apenas dez meses, o restante foi do governo anterior, dê um tempo, em 2022 vou dizer o que mudou, declarou.
Nós próximos dias, o ministro pretende visitar os estados da Bahia, Piauí e Maranhão, para apresentar o Plano do Desenvolvimento do Nordeste e ouvir as demandas dos gestores municipais e estaduais. Ele já esteve nos outros estados da região, especialmente no Ceará. O Plano foi lançado no início do mês pelo presidente Jair Bolsonaro e visa injetar recursos e políticas públicas, além de retomar as obras que estavam paradas, de forma a beneficiar, sobretudo, os municípios.
Dificuldades
O coordenador da bancada, deputado Júlio César (PSD-PI) reconheceu as dificuldades financeiras do Governo, mas cobrou uma divisão maior do bolo tributário e mais investimentos para o Nordeste.
De acordo com o parlamentar, as emendas impositivas foram liberadas pelo Governo, mas os parlamentares da região querem a liberação das emendas autorizativas para aplicação em infraestrutura dos nove estados nordestinos.
Queremos a política de resultados e cobramos esse foco do governo em resultados para a região Nordeste. Acreditamos nessa retomada do crescimento, porque, apesar do déficit público, a inflação e os juros estão caindo, reduziu o Risco Brasil, aumentou o número de empregos e a economia está dando sinais de revitalização, destacou o deputado Júlio César.
Na avaliação do deputado cearense Mauro Filho (PDT), uma solução imediata para o Nordeste será o pagamento de parte da cessão onerosa. Todos os prefeitos e governadores estão ansiosos, mesmo o valor sendo menor, já que o leilão produziu um valor inferior ao que estava previsto anteriormente, mas já é um estímulo para o investimento, diz o deputado.
Mauro também ressaltou que o Consórcio firmado pelos nove governadores do Nordeste também será um impulso para a região.
O consórcio trata de uma demanda mais regionalizada e os governadores estiveram na Europa para buscar parcerias e investimentos em infraestrutura e o consórcio prevê um crédito suplementar para a conclusão da transposição, declarou.
Pouco interesse
A quantidade reduzida de deputados na reunião com o ministro foi criticada por alguns parlamentares. Para o deputado Heitor Freire (PSL), um dos defensores do Governo Federal, a ausência de parlamentares no encontro mostra a insatisfação dos nordestinos com o Palácio do Planalto.
O governo tem que repensar a maneira que está tratando o Nordeste porque isso pode ser uma retaliação, tem alguma coisa de errado e lamentavelmente escutamos do ministro um discurso vazio com o Nordeste e nenhuma política pública foi apresentada, informou.
Heitor alegou que foram apresentadas várias demandas ao ministro, porém a resposta foi superficial.
Roberto Pessoa (PSDB) foi crítico em relação ao pouco tempo que o ministro disponibilizou para bancada e cobrou como prioridades o fortalecimento do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), a conclusão da transposição do São Francisco e o andamento das obras da transnordestina. A relação da bancada com o Governo Bolsonaro tem melhorado, mas a equipe do governo precisa vir com tempo, não pode vir olhando para o relógio, afinal são muitas demandas do Nordeste, explicou o parlamentar tucano.
O deputado José Guimarães (PT), de oposição ao Governo Federal, foi um dos cearenses que preferiu não comparecer a reunião com o ministro. Nós não vamos fazer quórum para ouvir que não tem recursos para o Nordeste, porque tudo o Paulo Guedes impede e não libera nada, as obras estão paradas e não tem solução pra nada, criticou.
Orçamento fica para 17 de dezembro
Após as votações do Congresso Nacional, ontem, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), afirmou que o Orçamento para 2020 deve ser votado em 17 de dezembro, às vésperas do recesso parlamentar do fim do ano.
Davi também disse que o Congresso votará, na terça-feira (3), vetos presidenciais e 24 projetos de lei do Congresso. O primeiro item a ser apreciado será o que trata de mudanças partidárias e eleitorais. Esse teve sete dispositivos derrubados pelos parlamentares.
Um dos quais rejeitados pelos congressistas, que agora voltará ao corpo da Lei 13.877, de 2019. Trata-se do que pode abrir caminho para aumento dos recursos previstos para o financiamento público das campanhas eleitorais de 2020, atualmente previstos em cerca de R$ 2,5 bilhões. Davi lembrou que sempre foi contra o financiamento público, preferindo o aperfeiçoamento do sistema de financiamento privado, e disse que a questão será definida pelo conjunto do Parlamento.
Davi explicou ainda que o acordo entre os líderes partidários para a derrubada de certos vetos acabou não dando certo porque alguns líderes se equivocaram no preenchimento das cédulas de votação. Com isso, aqueles que deveriam ter sido rejeitados na última terça-feira (26) acabaram sendo mantidos, como os relativos a recursos para o Censo Demográfico de 2020, ao adicional salarial de advogados da União e a verbas para Educação e Saúde no ano que vem.
O presidente disse que o Governo Federal prometeu encaminhar até a segunda-feira (2) um projeto de lei para resolver as questões relativas a esses vetos que deveriam ter sido rejeitados segundo o acordo prévio entre governo e parlamentares governistas e da oposição.
Fonte: Diário do Nordeste
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