GERAÇÃO NEM-NEM
No Brasil, 36% dos jovens entre 18 e 24 anos de idade não trabalham nem estudam formalmente, de acordo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Entre os 37 países analisados, o Brasil é o 2º com maior proporção de jovens fora do mercado de trabalho e de instituições educacionais.
Os motivos são vários, desde a dificuldade de acesso ao ensino superior até a crise econômica, que impede empresas de ofertarem vagas.
Porém, os jovens que possuem baixa renda familiar e pretos são os mais afetados.
Conforme o relatório, 52% dos jovens desocupados são mulheres e 66% são pessoas pretas e pardas. A geração nem-nem é composta por 60% de mulheres, a maioria com filhos pequenos, e 68% são pretos e pardos.
“A situação dos jovens que não estudam, não trabalham e nem procuram trabalho tem relação com a origem socioeconômica. É comum entre os jovens de famílias mais pobres. A maioria são jovens mulheres, que tiveram que deixar de estudar e não trabalhavam para poder exercer tarefas domésticas, criar filhos ou cuidar de idosos ou outros familiares, reforçando esse valioso trabalho, que não é reconhecido como deveria”, afirma a socióloga Camila Ikuta, técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em entrevista à Agência Brasil.
Para encontrar soluções é necessário compreender a renda, raça e gênero deste grupo social. “Há um conjunto de vulnerabilidades desses jovens, que não têm acesso a mais anos de estudos, não têm acesso à capacitação profissional e grande parte são mulheres, mais envolvidas nas tarefas domésticas e nos cuidados familiares. Com isso, elas liberam outra pessoa no domicílio para procurar trabalho e elas ficam responsáveis pelo trabalho não remunerado dentro do domicílio”, pontua Enid Rocha, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O cenário de desocupação e falta de estudo foi agravado em decorrência da Pandemia de Covid-19. “As empresas, ao compararem a trajetória de um jovem que ficou dois anos sem trabalhar e sem estudar com o outro, ele é sempre preterido ou recebe salários menores”, explica Enid.
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