Editorial COVID-19, HÁ CINCO ANOS!!!!!15 DE MARÇO DE 2025, SÁBADO, 09H18



Quando se teve a certeza de que a Covid-19 havia chegado ao Ceará, há exatos cinco anos, o mundo ainda sabia pouco sobre a doença. Mas, olhando para fora do Brasil, especialmente para a Itália, já era possível compreender a rapidez com que o vírus se espalhava e o impacto que ele causaria na capacidade assistencial das redes de saúde. Para agravar as incertezas daquele momento, não era possível saber os números de casos de forma precisa devido à escassez de testes. Foi nesse cenário que cientistas utilizaram dados, modelagens e algoritmos para “antever o amanhã”.

Diversas pesquisas científicas foram realizadas no Ceará para entender a dinâmica da pandemia. Uma delas foi realizada por uma equipe multidisciplinar que acompanhou a evolução da Covid-19 no Estado e, a cada semana, fornecia dados, projeções e gráficos para atualizar as autoridades sobre a dinâmica da doença.

Liderada pelo atual cientista-chefe de Dados da Saúde do Governo do Estado — o professor José Soares, do Departamento de Física da Universidade Federal do Ceará (UFC) —, essa iniciativa ajudou a direcionar as ações para superar a crise sanitária. Foi ela, por exemplo, que alertou para a necessidade de tornar o isolamento social mais rígido, o que levou à adoção do lockdown em Fortaleza em maio de 2020.


Outro estudo levou à criação de um índice que permite identificar o surgimento de uma nova onda da doença a partir de sintomas relatados por pacientes das Unidades de Pronto Atendimento (UPA) da Capital. O trabalho, que envolveu pesquisadores da UFC, da Universidade de Fortaleza (Unifor) e de Harvard, fornece uma alternativa para driblar cenários de subnotificação, em que os registros oficiais não correspondem à real situação da doença.

“Naquele momento (da chegada da Covid-19) já ficou claro que você não poderia trabalhar exclusivamente com o presente, com o dia a dia, ‘hoje está assim’. Você tinha que ter uma capacidade maior de, através de modelos matemáticos mais robustos, conseguir algum nível de previsibilidade. ‘Hoje está assim, daqui a uma semana estará como, se tudo permanecer como está nos últimos cinco dias?’”, explicou o secretário-executivo de Vigilância em Saúde do Ceará, o médico epidemiologista Antonio Silva Lima Neto, conhecido como Tanta.

Quando não havia dados anteriores sobre o comportamento da pandemia, realizar projeções sobre o cenário que viria pela frente foi importante para a gestão dos insumos. Era preciso ter alguma base para programar o número de respiradores e de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) que seriam necessários, assim como a quantidade de oxigênio, por exemplo.

“Hoje em dia temos uma série histórica que nos permite olhar para trás e projetar para frente, mas naquele momento era tudo muito rápido e muito dinâmico. Então, o que acontecia nessa semana já tinha que projetar para daqui a 15 dias”, contextualiza a professora Magda Almeida, do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da UFC, que à época era secretária-executiva de Vigilância e Regulação da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa).

Este sábado, 15 de março, marca os cinco anos desde que a Sesa confirmou os três primeiros casos de Covid-19 no Estado. No dia 26 de março de 2020, foram confirmadas as três primeiras mortes em idosos que haviam testado positivo para a doença e tinham comorbidades. Cinco anos depois, o Diário do Nordeste reflete sobre a importância da união entre gestão pública e academia, com atuação de cientistas de diferentes áreas, para a tomada de decisões mais acertadas em meio à maior crise sanitária do século XXI.

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