Coloco minha caixa de som, meu cigarro, isqueiro, tira-gosto, hoje é sábado e estou a espera dos amigos, das conversas, das contra-conversas, das briguinhas sobre todo tipo de assunto e a alma parece ficar leve com aqueles papos de final de semana. Me posiciono para receber o mestre dos magos, aquele garçom que me aguarda na cadeira cativa de anos, ainda sobrevivo viajando numa paranoia translúcida de harmonia lírica das músicas escolhidas a dedo e de tantas histórias incomuns de minha simples vida. O garçom sabe que tipo de cerveja bebo, e quais amigos estarão ali presentes em cada beliscada dos petiscos que compramos nos outros lugares já que o bar pobre não fornece iguarias, apenas especiaria poética. O tempo e o calor vai aumentando e não chega mais nenhuma pessoa. Desconhecidos da alma passam por minha pessoa cumprimenta, mas, estou alheio a esse tipo de cordialidade urbana, quase não me interessa em ovacionar o memento, de tanta expectativa na chegada dos "companheiros de mesa, de vida, de parceria, de alegrias e tristezas também", como é cruel o tempo passar e nenhum chegar. o pendrive vai esgotando e os dedos duros passeiam erroneamente pelos botões procurando a música certa para aquela ilusão alcoólica momentânea, me desespero quando vejo a mesa vazia sem meus companheiros e apenas estranhos me rodeando, não é a mesma coisa, sinto vontade de pedir a conta mas, o boêmio incansável não desanima a cada cerveja uma lembrança de cada um vem a mente, bate forte o coração machucado pela solidão. A pergunta vagueia o cérebro e fico me peguntando onde andam???? Na quina da mesa senta Sérvulo, na frente Chico da Nenzinha, Pedro Neto a noite pegou meu violão, não deve vir, Veriga deve estar em alguma vaquejada comandando a locução, e a certeza que Aderbal ou está na sua fazenda ou em Fortaleza, não sei dizer!!!!O momento é de expectativa forte, é quando vou quase a nocaute etílico. Minhas lágrimas internas são mais fortes do que ás salgadas que respiram pelos olhos convalescendo de tanta dor de saudade. Não existe mais sentido ficar ali, pago a conta, saiu só, a espera que minha velocidade já sem muito poder físico me leve até o portão de minha casa, tiro minha roupa, tomo um banho, me sento na cama, e o travesseiro me ajuda a sair daquele nocaute, é quando vejo e sinto e me vem a realidade, "eles não compareceram porque não estão mais aqui", compreendo e vou esperar o outro sábado esperando "naquela mesa" os que estão por aqui, e rememorando os que se foram. Fiquem com Deus, espero que essa mesa continue sua trajetória boêmia. Por Carlos Dehon
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