Advogado preso no Ceará por exigir R$ 20 mil a suposto autor de estupro para não denunciá-lo vira réu

O advogado José Lourinho Coelho, preso por extorsão em Quixeramobim, agora é réu na Justiça cearense. O Ministério Público do Ceará (MPCE) denunciou José Coelho na última terça-feira (11) e, no dia seguinte, a Justiça aceitou a acusação, considerando que a denúncia "preenche todos os requisitos legais... havendo indícios de autoria e evidências".

Conforme a acusação, José Lourinho foi procurado por uma jovem, que disse ter sido vítima de abusos e, ao invés de notificar as autoridades sobre o caso, entrou em contato com o suposto autor do crime sexual para extorqui-lo: "consta no procedimento policial que o denunciado constrangeu, mediante grave ameaça e em violação de dever inerente à profissão, com intuito de obter para si, ou para outrem, indevida vantagem econômica".
A defesa do réu entende que a prisão é ilegal, "uma vez que além de não observar as prerrogativas legais da profissão, não existem requisitos para a manutenção da preventiva.
A Ordem dos Advogados do Brasil - Secção Ceará (OAB-CE) disse em nota que "através da Diretoria de Prerrogativas e do Centro de Apoio ao Advogado, está acompanhando e apurando todos os fatos para garantir a legalidade da prisão e também que o acusado tenha assegurado o direito à ampla defesa e ao contraditório, bem como à sala de Estado-maior.

PRISÃO EM FLAGRANTE - Segundo a denúncia, José Lourinho foi preso em flagrante no último dia 24 de fevereiro, quando se preparava para receber o valor restante dos R$ 20 mil exigidos por ele em troca de não denunciar o suposto autor do estupro. A suposta vítima de estupro, de nome preservado, contou à Polícia ter procurado José Lourinho, na companhia da mãe, para pedir orientações, alegando ter sido vítima de violência sexual e querendo processar o autor dos abusos.
A jovem disse que o advogado perguntou se ela "queria o homem na cadeia ou algum tipo de indenização pelo ocorrido", tendo ela respondido que queria uma medida protetiva e uma indenização, mas não queria ver o homem preso.
Conforme depoimento da vítima, o advogado teria prometido a ela que resolveria a situação. Depois disse à menina que tinha acertado com o suspeito o valor dos honorários dele e que repassaria a ela esses R$ 5 mil, mas em troca precisaria que ela assinasse um termo para dizer que a relação sexual tinha sido consentida.
A vítima disse ter assinado o termo chorando, "que estava muito triste, mas que os R$ 5 mil lhe ajudaria nos estudos". O advogado suspeito também teria ameaçado a cliente que se ela procurasse a delegacia depois, ela e o autor do suposto estupro seriam presos.

VERSÃO DO SUSPEITO - O advogado José Lourinho teria dito aos policiais que seu primeiro contato com o caso foi quando recebeu ligação de uma provável cliente perguntando se ele trabalhava em casos de crimes sexuais, mas que a conversa foi curta e ele a orientou buscar atendimento no escritório.
Segundo o advogado, pessoalmente, ele ouviu o relato da jovem acerca do abuso e orientou ela a procurar uma delegacia. Em paralelo, José disse ter ido falar com o suspeito do abuso para dizer que a jovem tinha o procurado "dando a entender que (ela) queria dinheiro para não denunciá-lo".
Neste momento, segundo o advogado, o suspeito pediu que ele oferecesse à vítima R$ 5 mil para que ela fizesse um tratamento psicológico, negando ter exigido algo para si.

(*) g1 CE

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