Confissão tardia

Da Coluna Valdemar Menezes, no O POVO deste domingo (23):
Um ano depois do golpe promovido pela aliança entre o capital financeiro (interessado na mudança do modelo sociodesenvolvimentista e nacional) e segmentos políticos golpistas, interessados em barrar a Operação Lava Jato para se livrarem da cadeia, o País assiste à confissão pública do principal beneficiário da armação: Michel Temer.Ele confirmou o que já se sabia: o impeachment foi pura obra de vingança do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, irritado com o fracasso da chantagem sobre Dilma para que ela obtivesse do PT os três votos necessários para livrá-lo da condenação no Conselho de Ética. A entrevista de Temer foi dada ao SBT, no último dia 15. Ou seja: toda aquela conversa fiada de “pedaladas fiscais” foi um engodo para justificar o assalto ao poder, de forma fraudulenta.A defesa de Dilma já entrou com recurso no STF para anular o impeachment farsesco. O senso de justiça exige não só que o impeachment seja desfeito, mas, os autores da fraude processados.As principais forças interessadas na derrubada do governo brasileiro – Departamento de Estado americano; capital financeiro e rentistas brasileiros – agiam há muito tempo. Os EUA, movidos por razões geopolíticas, estavam interessados em fragilizar o Brics (do qual fazem parte Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul) para isolar a Rússia.Ora, desestabilizar o Brasil – aliado russo nesse projeto – era essencial. O País, por seu grande potencial econômico e sua política externa independente (desenvolvida por Lula e fortalecida pelo pré-sal) contrariava os americanos, em termos de mercado e de protagonismo diplomático (remember acordo atômico com a Turquia). Sobretudo, na América Latina, África e países árabes (indústria de armas).Urgia aos americanos, também, desbancar os governos progressistas (e insubmissos) do continente. Nessa brecha entrou o capital financeiro, articulado mundialmente, para impor o modelo neoliberal, favorecer o rentismo e a especulação, em detrimento da produção. Sempre em aliança com segmentos rentistas brasileiros, que nunca se interessaram por um projeto de nação para o Brasil. Querem apenas ganhar dinheiro: essa questão de “pátria”, “nação” é considerada por eles “atraso”. Pouco se lixam para isso.Os grandes financistas nativos sempre foram contra a Petrobras, a formação de empresas estratégicas nacionais e o fortalecimento do mercado interno – elementos essenciais para garantir a soberania nacional e espaço próprio no cenário internacional. Querem um País “cucaracha”, como o desenhado pelas elites do México (não por seu bravo povo). Isto é: submisso a Washington.

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Confissão tardia BLOG DO CARLOS DEHON Rating: 5 domingo, 23 de abril de 2017

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