Covid-19 no Brasil: mortes se estabilizam em platô nas alturas


Covid-19: O que significa platô em uma pandemia? Epidemiologista ...

Domingo, 12/07/2020
Previsto para agosto pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o pico da covid-19 no Brasil preocupa autoridades, pesquisadores e, também, a população. No entanto, especialistas indicam ser possível que o país não tenha um pico característico como o de outras nações afetadas pela pandemia. Sem um controle efetivo do isolamento social e com a flexibilização precoce das atividades comerciais, o Brasil vê os números se estabilizarem em uma curva achatada por um maior período. O problema é que o chamado platô (estabilização), visto atualmente na curva de mortes pela doença, ocorre em um alto patamar, com atualizações diárias na casa de mil óbitos. 
Segundo o médico do serviço de controle de infecção hospitalar do Hospital Imaculada Conceição, a estabilização na casa das mil fatalidades reflete negligência com a quarentena. “A gente vai vendo que há um relaxamento de isolamento social e isso, de certa forma, vai mudando a característica da transmissão da infecção do vírus no Brasil. Consequentemente, dificulta para fazer a previsão de quando será esse pico, se é que nós vamos ter um”, afirma. Ele lembra que o pico da doença corresponde àquele período em que o país apresenta o maior número de casos e mortes e, logo após, uma queda sustentada. É determinado, portanto, posteriormente ao seu ocorrido.
“Tem que haver uma queda sustentada para definir que houve um pico. Dessa forma, ele pode ser determinado de uma forma retrógrada, porque você vai defini-lo depois que você passa por ele”, ressalta. Já o platô seria uma fase posterior ao pico epidemiológico, no qual a curva apresenta queda e faz um achatamento, mantendo uma constância.
O que significa platô em uma pandemia? Epidemiologista explica.
Durante a pandemia do novo coronavírus, a palavra “platô” foi utilizada em diversos contextos por representantes da sociedade ao tratar de uma possível estabilização no número de casos e mortes pela doença. Mas o que isso significa, afinal? 
Na área médica, há uma estratégia para descrever o comportamento das doenças, dividindo-a em três fatores: o indivíduo, o lugar e o tempo.
“Se você observar nos boletins epidemiológicos, há sempre uma distribuição da doença em um determinado tempo, um pequeno mapa que mostra a distribuição geográfica dos casos [o lugar] e tem também as características relacionadas às pessoas, como idade, sexo etc.”, explica o epidemiologista e professor da Unicamp Marcelo de Carvalho Ramos.
Para compreender estas informações, Ramos explica que é preciso organizar uma curva de incidência, “que leva em conta o tempo, como o dia e o mês em que pessoas ficaram doentes, e a quantidade de doenças de maneira acumulativa”. 
Ele continua: “Há uma doença infecciosa que entrou numa população que é inteiramente suscetível. Ela vai acometer todo mundo: a hora que as pessoas morrerem ou se curarem, as elas vão ficando resistentes àquele agente. A hora que o agente [infeccioso] alcançar a maioria da população, geralmente algo em torno de 70% da população, esse número de casos começa a se extinguir”. 
Neste estágio da contaminação, uma redução no número de casos em relação aos dias acontece. “Então, a curva que está se dirigindo na vertical começa a dobrar, que nem a bengala, porque a doença não encontra mais suscetíveis na população”, explica Ramos. 
“A hora que ela começa a dobrar, é a hora que a gente chama de platô. É a hora que a curva começa a envergar.”
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