As investigações preliminares acerca dos recentes ataques registrados em Fortaleza e na Região Metropolitana dão conta que há envolvimento de presidiários. Em interrogatório, um dos nove presos sob suspeita de participar das ações registradas desde sexta-feira (27) até a última terça-feira (31), confessou que a ordem partiu de dentro de um presídio da Grande Fortaleza.
Conforme documento que faz parte do inquérito aberto contra Magno Araújo da Silva, de 29 anos, capturado no último dia 30 de julho, no bairro Tancredo Neves, ele teria informado aos policiais militares e civis que um incêndio contra o ônibus na Sapiranga foi praticado a mando de um detento. A informação a respeito do envolvimento de internos no Sistema Penitenciário do Ceará confirma o que já havia sido antecipado pelo Diário do Nordeste na edição do dia 30 de julho último.
Conforme os autos, Magno Araújo, que não tinha antecedentes criminais, disse ser simpatizante da facção criminosa Comando Vermelho (CV). Porém, negou ser batizado na organização. Quando informou às autoridades a respeito da sua participação no incêndio ao coletivo, o preso informou ter fornecido um galão de gasolina para criminosos conhecidos apenas como ´Peixe´ e ´Neguim´.
Quando questionado quem seriam outros dois envolvidos nas ações criminosas, Magno Araújo disse não saber os verdadeiros nomes dos comparsas, mas adiantou que eles seriam moradores do bairro Sapiranga. Sobre detalhes acerca dos ataques, inclusive a respeito do envolvimento de um presidiário, o interrogado não especificou como a ordem chegou até ele e se espalhou entre os demais envolvidos. No documento que a reportagem teve acesso, consta ainda que ele negou fazer parte "de qualquer grupo de WhatsApp do CV" .
Prisões
Na mesma data da prisão de Araújo, outros quatro homens foram capturados. A quadrilha foi abordada no Município de Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) por ter tentado incendiar um ônibus e efetuar disparos de arma de fogo em frente a um prédio público da mesma cidade.
Paulo Vitor Silveira Santos, 22; Danísio Nascimento da Silva, 20; Antônio Denilson Nascimento da Silva, 19; e Rafael Martins da Silva, 26, teriam assumido integrar a facção Comando Vermelho. O prédio atacado pelos quatro deve passar por perícia nos próximos dias. As cinco detenções realizadas em 30 de julho deste ano foram divulgadas pelo titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), delegado federal André Costa, em coletiva de imprensa realizada no dia seguinte. Durante as entrevistas, o secretário informou que ainda não existiam indícios que apontassem qualquer participação de internos do Sistema Penitenciário.
"Não há indicativos para essa conclusão. Se a investigação levar a identificação de pessoas que já estão presas, certamente elas responderão por isso. Ninguém ficará impune. Todos aqueles que participaram dessas ocorrências serão identificados e presos", destacou o secretário.
Outros quatro homens também foram detidos sob a suspeita de envolvimento nos últimos ataques. São eles: Gilberto de Lima Pereira, de 33 anos; Pedro Henrique Mesquita de Sousa, 27; Oderison dos Anjos Oliveira, 19; e Gean Patrick Aguiar de Lima, 19.
Lima é conhecido como ´Céu´ e foi capturado na tarde da quarta-feira (1º), no bairro Tancredo Neves. Segundo a Pasta, ele estava em posse de duas pistolas calibre 380 e teria participado do atentado contra uma viatura do Batalhão de Polícia do Meio Ambiente (BPMA). Mesquita, Oliveira e Aguiar foram presos na madrugada do último dia 28.
Ofensivas
As 30 investidas contra ônibus e prédios públicos e privados ao longo de cinco dias seguidos têm relação com três mortes de integrantes do CV, em confronto com policiais civis, na zona rural de Amontada. O tiroteio deixou mortos Valcinei Nobre dos Santos, o ´Gangão´; José Sílvio dos Santos Vieira, o ´Silveira´; e Francisco Adriano Martins da Silva, o ´Macumbeiro´.
Ainda no primeiro dia dos ataques, uma fonte ligada ao setor de Inteligência da Secretaria da Segurança Pública, afirmou que "os três criminosos mortos eram membros do Comando Vermelho e agiam no bairro Bom Jardim e na Comunidade da Rosalina. Quando houve o confronto, a Secretaria da Segurança deslocou equipes para os pontos onde o CV é predominante, para o caso de represálias, mas a ordem veio de dentro do presídio", disse na ocasião o policial.
Governador
O governador do Estado do Ceará, Camilo Santana, afirmou na última quarta-feira (1º) que os ataques contra os coletivos e prédios são "respostas exatamente ao trabalho da Polícia, que tem atuado dia e noite nas ruas. Nunca se prendeu tanto. Nunca se apreendeu tantas armas, nunca se apreendeu tanta droga. A minha determinação é nos mantermos firmes, não recuarmos um milímetro sequer no combate à criminalidade aqui no Estado do Ceará", salientou.
O chefe do Executivo estadual acrescentou na sua declaração que confia no trabalho feito pelas Forças da Segurança Pública. "Nós temos investido fortemente nisso. Inteligência, equipamentos, tecnologia, pessoal. Vamos continuar o nosso trabalho", disse Camilo Santana.
Fonte: Diário do Nordeste
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