Camilo Santana: “País está misturando política com a polícia”



Governador afirmou que o motim dos agentes de segurança no Ceará foi um levante político e o caso deve ser analisado sob uma ótica nacional.

Para o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), é necessário que o País coloque em discussão a “partidarização” das polícias militares, pois, segundo ele, o Brasil “está misturando política com a polícia”. Em entrevista ao Estadão, o governador afirmou que o motim dos agentes de segurança no Ceará, encerrado no domingo passado, foi um levante político e o caso deve ser analisado sob uma ótica nacional.
“O que vem acontecendo no Brasil é que está se misturando política partidária com a polícia. Militares que entram em partidos, que são candidatos, que sindicalizam candidatos, o que é proibido por lei. Acho que um debate importante a se fazer é até que ponto essa partidarização da polícia tem prejudicado a qualidade e as ações de segurança no Brasil”, disse o governador.
Para Camilo Santana, o cunho político do motim fica evidente ao observar os líderes do movimento que atuaram no processo de negociação com a categoria. “Quando aprovamos a reestruturação salarial da categoria, teve liderança que chorou por causa do novo salário. Essas mesmas lideranças que comemoraram iniciaram o motim. Quem são essas lideranças? Um é deputado federal, outro é deputado estadual, outro é vereador… Ano eleitoral, um movimento que tem um candidato a prefeito que é policial da reserva… Por isso que eu sempre coloco que há um viés político no movimento”, afirmou o governador.
Entre as figuras políticas que encabeçaram o movimento no Ceará estava o ex-deputado federal Cabo Sabino (Avante-CE), que teve prisão decretada ao fim da paralisação, mas responderá ao processo em liberdade porque o pedido de prisão foi revogado. Sobre esta decisão, Camilo Santana expressou indignação por meio de mensagem publicada em suas mídias sociais.
Segundo o governador, todos os policiais militares que foram pegos descumprindo a lei “serão punidos com o rigor da lei”. “Nenhum poderá fugir dos atos cometidos”.
Em meio ao embate entre os Ferreira Gomes, Sergio Moro e Jair Bolsonaro sobre o mérito pelo fim da crise na segurança pública do Ceará, Camilo Santana destacou o papel de lideranças locais para o desfecho do motim. Entre eles, a participação da Assembleia Legislativa, do Tribunal de Justiça e do Ministério Público. Também reconheceu a importância da atuação do governo federal. “O que eu posso dizer é que eu fui atendido no que eu solicitei ao governo federal. Eu fui atendido quando solicitei uma GLO e fui atendido quando pedi a renovação. Sempre mantive um contato com os ministros da Defesa, da Justiça e da secretaria da Presidência. Foi uma cooperação de esforços”, declarou.
Ao ser questionado sobre a demora do governo federal para renovar o decreto e manter a operação de GLO no Ceará, o governador respondeu: “Eu nunca imaginei que o governo federal fosse inconsequente de não renovar a GLO até que fosse resolvido o problema”.
No entanto, sobre as declarações públicas de figuras ligadas ao Planalto, como o ministro Sergio Moro e o diretor da Força Nacional, Aginaldo de Oliveira, o governador incisivo: “jamais trataria amotinados daquela forma. Fui muito preciso em relação a cumprir a legalidade. Greve, motim, está previsto no artigo 142 da Constituição, é proibido por lei, não é uma questão político-partidária, a questão é de seguir a lei. Não tenho nem teria o comportamento que eles tiveram”.
Equipe Focus.Jor
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