Condenados por Chacina do Benfica recorrem de decisão do Júri



Os três réus condenados por participação na Chacina do Benfica - ocorrida exatamente há dois anos, tirando a vida de sete pessoas e ferindo outras três - recorreram da decisão do Tribunal do Júri, de novembro de 2019, que condenou dois deles pelos homicídios cometidos e um pelo crime conexo de organização criminosa.
A defesa de Francisco Elisson Chaves de Souza, o único que foi absolvido dos assassinatos, pediu anulação da sentença dada pelo Júri. A advogada Nicole Andrade Furtado ressaltou, no recurso de apelação, que a única prova trazida ao processo de que Francisco Elisson integrava uma organização criminosa cearense, é a confissão em inquérito policial.
Segundo ela, para que haja a condenação, é preciso haver provas suficientes que corroborem com o inquérito policial. Além disso, a advogada também requer que o julgamento seja anulado, uma vez que foi julgado pela Vara do Júri e não pela Vara de Delitos de Organizações Criminosas, a qual, segundo sua argumentação, deveria ser a responsável por absolver ou condenar réus desse tipo de crime.
Em contrarrazões, o Ministério Público do Ceará (MPCE) foi contrário ao pedido da defesa e ressaltou que ele é "de manifesta improcedência" e com "premissa equivocada". O promotor de Justiça Franke José Soares Rosa afirma que a manifestação da defesa é inverídica, pois "a condenação encontrou amparo em diversos elementos probatórios, inclusive os produzidos sobre o crivo do contraditório e da ampla defesa".
Júri
De acordo com o promotor de Justiça, também é necessário considerar que o Tribunal do Júri tem obrigação de julgar os crimes conexos aos homicídios, como o de organização criminosa.
Os outros dois réus (Douglas Matias da Silva e Stefferson Mateus Rodrigues Fernandes), cujas defesas são patrocinadas pela Defensoria Pública do Estado, também entraram com recurso, mas ainda não acrescentaram a argumentação a ser utilizada.
Douglas Matias e Stefferson Mateus foram condenados a 189 e 170 anos, respectivamente, por participação na Chacina do Benfica. Na noite do dia 9 de março de 2018, sete pessoas foram assassinadas e outras três ficaram feridas.
Sonho interrompido
Uma das vítimas daquela noite foi o jovem Carlos Victor Meneses Barros, conhecido no bairro João XXIII e na sede da Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF) pelo apelido carinhoso de 'Vitim'. Desde o acontecido, a tia do jovem, Cintya Sâmia, relata que "ainda é bem difícil de aceitar tudo", pois "é complicado perder quem a gente ama, ainda mais da forma que foi".
Grávida na época do acontecimento, Cintya perdeu naquela noite não só o sobrinho, mas o padrinho do filho que estava carregando no ventre. "O Victor era uma pessoa maravilhosa, um menino alegre, trabalhador, cheio de sonhos. Ele adorava praia, adorava surfar. Era um meninão, um homem em forma de menino, uma pessoa super do bem, que morreu de graça e sem ter nenhum envolvimento com nada", lembra a mulher.
"Com o nascimento da minha filha, amenizou um pouco. Não vou dizer que a dor sumiu, mas têm momentos que ainda é muito difícil", sente Cintya, enquanto a voz denuncia a distância dos pensamentos que insistem em fugir dali. A dúvida é onde eles estão, se no sorriso do sobrinho que partiu ou na lembrança do padrinho-irmão que ficou.
Diário do Nordeste
Por Redação
Miséria.com.br

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