Saúde: regra para cloroquina é 'resposta à população' após mortes por Covid-19

CFM quer que Anvisa regulamente venda de cloroquina e hidroxicloroquina
Definidas na manhã desta quarta-feira (20), as novas orientações para a adoção da cloroquina e da hidroxicloroquina em tratamento de pacientes com a Covid-19 são a forma de o Ministério da Saúde dar uma "resposta à população" após as quase 18 mil mortes causadas pelo coronavírus no Brasil, disse hoje uma representante da pasta. A medicação não tem eficácia comprovada contra a doença, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
"Essa nota informativa à classe médica vem da necessidade de dar uma resposta à população", afirmou a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro. "Há um clamor da sociedade, que chega ao Ministério da Saúde através de sociedades médicas, representações populares e dos seus parlamentares".
Na terça (19), o Brasil contabilizou 1.179 mortes por Covid-19 em 24 horas, o maior número de vítimas registrado em um dia. 
Pelas novas orientações, os medicamentos poderão ser usados já a partir do primeiro dia da manifestação de sintomas leves da Covid-19, como coriza, perda de olfato e paladar, febre, dor de cabeça, dor abdominal e diarreia. A secretária Mayra Pinheiro afirmou que a pasta buscou obter "equidade" com o SUS, diante de relatos de que a medicação já é ministrada em instituições particulares.
A rejeição para aplicação aos pacientes com os sintomas considerados leves era rejeitada pelos ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, diante dos potenciais efeitos colaterais da medicação. Há indicativos de que o uso dos compostos possa causar problemas cardiológicos em parte dos pacientes.
Mandetta chegou a argumentar que seria perigoso dar um medicamento a um grupo amplo de pacientes que estejam submetidos ao risco, sendo que apenas uma parcela vai evoluir para formas mais graves da Covid-19.
"Não retardaremos o início da possibilidade de tratamento enquanto se aguarda o resultado dos exames que devem ser feitos", afirmou a secretária, que classificou a situação atual como uma "greve", reiterando que o Ministério da Saúde rejeita a autoprescrição.
Pinheiro afirmou que o Ministério da Saúde vai mitigar os riscos a partir de um acerto com a Sociedade Brasileira de Cardiologia. Segundo Mayra, os pacientes que estiverem no tratamento com a hidroxicloroquina deverão passar pelo exame de eletrocardiograma no primeiro, no terceiro e no quinto dia do tratamento. A entidade facilitará, diz ela, que exames realizados em regiões distantes do país sem cardiologistas disponíveis possam ser analisados à distância, por meio de telemedicina.
Nota técnica
Pela recomendação, os pacientes podem tomar, entre o primeiro e 14º dia, cloroquina ou sulfato de hidroxicloroquina associado à azitromicina durante cinco dias. A orientação vale para todos os casos (leves, moderados e graves), observadas as especificações de dosagem. Para os casos graves, o medicamento é indicado também após o 14º dia, observando as características de cada paciente.
O documento divulgado pelo Ministério da Saúde faz algumas ressalvas. Entre elas, a de que o medicamento deve ser prescrito por um médico e que ele tem autonomia para decidir ou não sobre o uso.


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Saúde: regra para cloroquina é 'resposta à população' após mortes por Covid-19 BLOG DO CARLOS DEHON Rating: 5 quarta-feira, 20 de maio de 2020

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