ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA
A divulgação de mentiras sobre a vacina contra a Covid-19 contribuiu diretamente para o aumento das mortes pela doença, aponta a pesquisa “Impacto das Fake news sobre vacinação na mortalidade por Covid-19: uma análise epidemiológica no Brasil”, desenvolvida por pesquisadores da Universidade Estadual do Ceará (UECE).
O estudo analisou dados entre janeiro de 2021 a dezembro de 2022 e revela que a desinformação pode influenciar negativamente a decisão dos cidadãos em se vacinar ou não.
“Isso quer dizer que, nos meses em que mais circularam fake news sobre vacinas, também foram registrados mais óbitos pela doença no Brasil e, à medida que diminuíram as fake news, as mortes também diminuíram”, explica uma das autoras da pesquisa, Adriana Rodrigues.
Segundo o artigo, entre 2020 e 2021, uma em cada cinco fake news propagadas entre brasileiros eram sobre vacinas. “Essas desinformações influenciaram nos comportamentos arriscados, como a resistência à vacinação, mesmo que, no primeiro ano de imunização, a maioria (72%) declarou a intenção de se vacinar” destaca trecho do artigo. Os dados da análise foram apurados nas plataformas do Ministério da Saúde.
Embora existam outras pesquisas que mostrem o impacto das notícias falsas em vacinas, o artigo é o primeiro a mostrar correlação direta. “Outros estudos já apontavam os impactos das fake news na vacinação, mas este é o primeiro que estabelece uma correlação direta entre desinformação e mortalidade”, afirma a orientadora da pesquisa, Thereza Magalhães.
No cenário atual, o Brasil passa por uma baixa adesão à vacina contra a influenza. Segundo Adriana Rodrigues, já circulam fake news que associam o imunizante da gripe a mortes ou que ela reduz a expectativa de vida. “A baixa adesão da população neste momento pode ser uma consequência direta dessas falsas informações”, explica.
(Foto: Agência Brasil)
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