Pelo menos 5 deputados querem ser presidente da Assembleia Legislativa do Ceará

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No Congresso Nacional, embora as eleições para as presidências da Câmara e do Senado só aconteçam no começo do próximo ano, já há articulação sobre as sucessões dos respectivos presidentes Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, segundo registros do noticiário político. De início, lá está sendo discutida uma alteração na Constituição da República para permitir reeleições, dadas as pretensões de ambos de permanecerem onde estão.
No Ceará, a mudança do texto constitucional já aconteceu há algum tempo, e a eleição dos dirigentes da Assembleia, no segundo ano da Legislatura, acontece em dezembro, antes do recesso de fim de ano (no início do mandato dos deputados, a eleição da Mesa Diretora da Assembleia acontece em fevereiro, imediatamente à posse dos eleitos). Portanto, poucos dias após conhecidos os resultados da votação municipal, em novembro, os deputados estaduais elegerão os novos dirigentes do Poder Legislativo.
Depois do acerto para a formação do atual grupo dirigente da Assembleia, no início de 2019, tendo o deputado José Sarto como presidente, foi anunciado que o grupo governista decidira acabar, extraoficialmente, com a reeleição e a postulação de qualquer outro cargo na Mesa, dos atuais participantes desta. Esta decisão, à época, não mereceu muito crédito. E parece que os céticos tinham razão, pois ao menos dois, dos atuais dirigentes, estão na relação dos cinco parlamentares apontados como pretensos postulantes ao cargo de presidente da Assembleia, mesmo que explicitamente não fale de público sobre o caso, talvez, também, por saberem que, em razão da sucessão governamental em 2022, os novos comandantes da Assembleia serão apontados pelo comando do grupo político governista.
O futuro presidente do Legislativo cearense, ao menos durante nove meses, será de fato vice-governador do Estado e, quem sabe, até um governador tampão, no caso de renúncias do governador e da vice-governadora para efeito de desincompatibilizações.
Embora cinco nomes (e outros poderão surgir) tenham pretensões e sejam apontados por colegas, não há um candidato natural à sucessão do atual presidente José Sarto. Ele próprio pode passar a ser o nome, caso não vogue o tal acordo impeditivo de reeleição, tendo como concorrentes os deputados Sérgio Aguiar, Tin Gomes e o ex-presidente Zezinho Albuquerque. Esses, fiadores do tal acordo, queriam estar na presidência e foram estimulados a não participar de uma disputa com o estabelecimento da regra apresentada como a mais democrática internamente na base governista. Os deputados Fernando Santana e Evandro Leitão, respectivamente, primeiro vice-presidente e primeiro secretário, nomes apontados como pretendentes ao cargo hoje ocupado por Sarto, estão limitados pelo acordo do fim da reeleição, mas são citados por alguns colegas.
O resultado saído das urnas municipais, em novembro, também influenciará, mesmo de modo secundário, na escolha do próximo chefe do Poder Legislativo cearense. Por isso, alguns pretendentes ao cargo redobram esforços para eleger o maior número de prefeitos possíveis, com menos atritos com os colegas no mesmo campo das disputas municipais, tentando evitar, de certo modo, inconveniências que possam inviabilizar suas candidaturas ao comando da Assembleia. Mesmo tendo o apoio das principais lideranças governistas, não é tão tranquila a eleição de alguém indesejável pelos colegas. E a disputa limpa, no Interior, tem sempre reflexo no Legislativo, notadamente neste ano que o interregno entre o fim da campanha municipal e a disputa pela presidência do Poder é relativamente muito pequena, sem ter havido ainda tempo suficiente para relevarem as mágoas recíprocas.
E exatamente pelo fato de ser muito curto o tempo entre o fim da disputa municipal e a eleição da Mesa Diretora da Assembleia, tanto para articulações com as lideranças governistas estaduais como na consolidação do apoio dos colegas para se firmarem como candidatos à Presidência do Legislativo, há uma certa inquietação individual dos pretensos candidatos e de outros parlamentares, esperançosos de ocuparem alguns espaços na própria Mesa, ou em outras posições da Casa, sempre conquistadas quando o comando do Legislativo é construído pelos próprios parlamentares, com as negociações que só eles têm capacidade de efetivar.
Provavelmente, não haverá disputa em plenário entre os próprios deputados governistas, como aconteceu em dezembro de 2016, quando os deputados Zezinho Albuquerque (eleito) e Sérgio Aguiar, ambos do PDT, dividiram as bases de apoio ao governador Camilo Santana, resultando no afastamento do PSD do grupo governista, além de o Governo decidir pela extinção do Tribunal de Contas dos Municípios, naquele momento presidido por Domingos Aguiar Filho, o comandante de fato do PSD à época. Aliás, hoje, Domingos e o seu partido, estão novamente na base governista. Mesmo sem essa perspectiva de disputa acirrada, como aquela, o governador, principal interessado na sucessão da Assembleia, e o senador Cid Gomes, líder do agrupamento governista, terão que desenvolver esforços para definir, o quanto antes, como será composta a chapa situacionista para a eleição de dezembro da direção do Poder Legislativo cearense. 
Jornalista Edison Silva

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