"Assustador". "Preocupante". "Problema global". "Alerta mundial". Esses foram alguns dos termos usados por médicos entrevistados pela BBC News Brasil para descrever o crescimento dos casos de câncer colorretal na população mais jovem, com menos de 50 anos.
No sábado (2/8), o ator Maurício Silveira morreu aos 48 anos após complicações relacionadas a um tumor no intestino. Ele estava internado no Hospital Lourenço Jorge, no Rio de Janeiro, e havia passado por uma cirurgia para a retirada do tumor.
O quadro se agravou no pós-operatório, exigindo uma nova intervenção cirúrgica. Silveira participou de novelas da TV Globo, como "Cobras & Lagartos" e "Insensato Coração", e também atuou em produções da Record.
Em julho de 2025, a cantora e apresentadora Preta Gil morreu aos 50 anos após complicações de câncer colorretal. No caso dela, o tumor foi descoberto em janeiro de 2023, quando tinha 48 anos.
Esse tipo de câncer, que afeta o intestino grosso (o cólon) e o reto, está entre os mais impactantes na saúde e na qualidade de vida. E, nas últimas décadas, uma tendência estranha chamou a atenção dos especialistas.
Em várias partes do mundo, os casos de câncer colorretal permaneceram relativamente estáveis entre os mais velhos — que proporcionalmente continuam a representar a maioria dos acometidos pela enfermidade. No entanto, as taxas de casos desse tumor começaram a subir com rapidez entre indivíduos com menos de 50 anos.
Os fatores por trás desse fenômeno ainda não são completamente conhecidos, mas estudos sugerem que o estilo de vida, a obesidade, o padrão alimentar, o uso de antibióticos e a genética podem ter alguma influência (entenda mais a seguir).
"Se você comparar os números atuais com a taxa que tínhamos há 30 anos, alguns trabalhos chegam a apontar um aumento de 70% na incidência de câncer colorretal em pacientes jovens", resume o oncologista clínico Paulo Hoff, presidente da Oncologia D’Or.
Essa diferença nas estatísticas já provocou algumas mudanças de saúde pública: nos Estados Unidos, um dos primeiros países a detectar o fenômeno, a idade mínima para a realização de exames preventivos que flagram o tumor colorretal precocemente (sobre os quais falaremos adiante) caiu de 50 para 45 anos.
No Brasil, alguns dados preliminares obtidos pela reportagem também apontam para um crescimento da doença numa idade precoce.
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