Distribuição da semente de palma forrageira é antecipada no Ceará



Os consecutivos anos de estiagem no Ceará resultaram em uma mudança cultural no que se refere à alimentação de bovinos, ovinos e caprinos. Nos últimos cincos anos, produtores passaram a apostar no plantio da palma forrageira, que demanda pouca água. Diante da alta procura pela cactácea, o Governo do Estado antecipou, em quase dois meses, a distribuição das sementes de palma (raquetes) entre produtores cadastrados no programa Hora de Plantar. Na edição passada, referente ao ano de 2018, a distribuição ocorreu em janeiro de 2019.
A urgência na entrega das raquetes é justificada pela aproximação do período de chuvas. Isso porque o cultivo da planta deve ser no período seco enquanto o solo ainda está propício à palma. "Ela é muito rica em água, cerca de 90%, e se plantar no tempo chuvoso, apodrece, a perda do cultivo é elevada. As raízes murcham", explica o coordenador da Cadeia de Pecuária da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), Márcio Peixoto.
Demanda
"Diferentemente de uma década atrás, há uma pressão por parte dos agricultores e há dificuldades em adquirir as raquetes por escassez de oferta", pontua Peixoto. A crescente demanda pode ser mensurada em números. No ano passado, foram atendidos 1.488 produtores e distribuídos 7,9 milhões de raquetes. Há quatro anos, o número de agricultores atendidos foi de 350 e foram entregues 3,5 milhões de sementes. Os números deste ano devem ser divulgados apenas em 2020. Mas, o indicador deve continuar ascendente. Atualmente, a SDA estima que há cultivado no Ceará cerca de 12 mil hectares do vegetal, em 125 municípios cearense.
O Hora de Plantar distribui as raquetes conforme a área a ser cultivada, mas, em média, cada criador recebe 500. Embora tenha ocorrido a antecipação, o programa não conseguirá contemplar a atual demanda que é de 17 milhões de raquetes por ano.
Reserva
De acordo com Itamar Lemos, diretor da SDA, o agricultor tem que adotar uma mudança de comportamento e fazer reserva alimentar para o rebanho mediante os períodos de estiagem que o Sertão enfrenta. "Não dá mais para esperar pelo próximo inverno, acreditando que vai chover cedo e que a alimentação vai surgir naturalmente", frisou. "É preciso adotar reserva de alimentação para ser utilizada no tempo de escassez".
O produtor rural Joaquim Machado, da localidade de Serraria, em Cedro, foi um dos beneficiados com o projeto. Ele recebeu duas mil raquetes e iniciou o plantio em sua propriedade. "Antes ninguém queria saber de palma, havia muita resistência, mas agora a gente vê que ela é a solução", pontuou.
Importância
A adesão à palma forrageira como alternativa alimentar foi fundamental para que o Ceará mantivesse a produção de leite mesmo em períodos de escassez de água, ficando em segundo lugar no Nordeste, atrás apenas do Estado da Bahia. "A palma é o milho do Sertão", resumiu o consultor técnico em agropecuária, Raimundo Reis. Mesmo em período de estiagem, a produção de leite aumentou no Ceará. Em 2014, segundo o IBGE, foi de 1,364 milhão de litros por dia. Em 2018, a produção subiu para 1,933 milhão de litros/dia.
O presidente do Sindicato Rural de Quixeramobim, Cirilo Vidal, frisou que a palma forrageira tem se mostrado uma alternativa viável quando cultivada de forma adensada e irrigada. Cirilo ressalta que, além de garantir alimentação adequada ao rebanho, a cactácea diminui a necessidade de amplo investimento financeiro. "Cerca de 70% dos custos de criação está ligado à alimentação, daí a importância da palma, já que ela se apresenta mais barata", diz.
Fonte: Diário do Nordeste

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