Quais os poderes do presidente da Alece e por que a eleição é importante para a política do Ceará

A eleição para a presidência da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) tem movimentado os bastidores políticos desde o fim da corrida eleitoral de Fortaleza. Por se tratar de um Poder autônomo, quem sentar na cadeira da presidência terá um orçamento bilionário para gerir pelos próximos dois anos, além de ocupar um cargo estratégico na agenda política do Estado.

Até agora, um único nome está posto oficialmente como candidato na disputa: o de Fernando Santana (PT), 1º vice-presidente da Casa. Ele já foi definido como representante do grupo governista, o que o fez largar na frente para começar a "trabalhar seu nome" junto aos pares — já que os outros cinco parlamentares ventilados eram da base aliada do governador Elmano de Freitas (PT). Nos bastidores, porém, as negociações continuam a todo vapor, a fim de evitar qualquer embate entre os parlamentares e construir uma chapa "consensual" para a Mesa Diretora.

As tratativas não são à toa, uma vez que a eleição também irá definir os principais cargos de direção do Parlamento Estadual. Na barganha, também está em jogo a ocupação dos espaços nas comissões temáticas, designado pelo presidente de acordo com a representatividade das bancadas.
PODER DE ARTICULAÇÃO

Para especialistas ouvidos pela reportagem, o desafio de Fernando agora é mostrar seu "poder de articulação" para manter a tradição das últimas eleições em lançar chapa única na Casa e evitar qualquer tipo de embate. Porém, eles ponderam que o petista não deve enfrentar muitas dificuldades para isso, já que o aval do governador ao seu nome pavimenta o caminho a ser percorrido.

A chancela do mandatário ao correligionário pode até ter gerado alguns incômodos dentro da própria base aliada, mas não o suficiente para que alguém se opusesse publicamente a Santana. Pelo contrário, a maioria declara apoio ao parlamentar.

A oposição, por sua vez, ameaça lançar chapa para fazer frente ao petista caso seus interesses não sejam atendidos. Todavia, a tese é difícil de vingar, tendo em vista que vale mais a pena para os oposicionistas barganhar espaços na Casa do que disputar o pleito interno, uma vez que a base "tem maioria esmagadora" para vencer a eleição da Mesa.

Quem faz a análise é o cientista político Cleyton Monte, que também é professor universitário e pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem) da Universidade Federal do Ceará (UFC).

"Por que a oposição não apresenta uma chapa alternativa? Porque ela quer espaço na Mesa Diretora ou espaço na Casa, em alguma coordenação, em alguma comissão técnica. Então, entre se candidatar e não ser eleita, porque a base aliada tem uma maioria esmagadora, e não se candidatar e negociar espaço na Assembleia, vale mais negociar espaço porque aí você tem algo a ganhar" Cleyton Monte
Cientista político

(*) Diário do Nordeste

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