A aprovação pela Câmara dos Deputados da chamada PEC da Blindagem é uma das maiores conquistas já obtidas por políticos que cometem crimes. Desde a redemocratização, com vários problemas e lacunas, o caminho gradual era no sentido de reduzir a impunidade e combater infrações cometidas por quem está em posição de poder.
Esse lento percurso era impulsionado pela pressão da opinião pública e pelo receio dos parlamentares de perderem voto. A situação mudou. Os parlamentares não se constrangem mais em aprovar uma medida francamente favorável a eles — aos piores deles. Não ligar para o desgaste, fazem pouco caso das críticas.
Essa nova realidade envolve dois aspectos. Um são as emendas parlamentares impositivas e de valores cada vez maiores. Como cada congressista assegurou um mini-orçamento para abastecer as bases eleitorais, esse se tornou o principal instrumento para se reeleger — e ainda eleger aliados. A opinião pública se torna fator de menos peso.
Ainda mais pelo segundo ponto. Em alguns setores políticos, os seguidores tornaram-se fanatizados ao ponto de o líder poder dizer ou fazer qualquer coisa. Toda explicação é aceita, todo argumento é validado.
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