A ameaça do líder da Venezuela, Nicolás Maduro, de anexar dois terços do território da Guiana instalou um clima de alta tensão na área e levou o Brasil, que faz fronteira com os dois países, a ampliar sua presença militar na região. Os militares brasileiros estão em regime de vigilância.
Com o apoio da Assembleia Nacional, controlada por ele, Maduro marcou um referendo para este domingo, 3. Os venezuelanos devem decidir se apoiam, ou não, as intenções de seu líder.
O alvo da cobiça de Maduro é a região de Essequibo. A área, rica em petróleo, ouro, cobre e diamante, tem 160 mil km² e corresponde a 70% do território da Guiana. A área que Maduro quer invadir é maior do que a da Inglaterra.
A Guiana, sentindo a ameaça iminente, já bateu às portas de potências como Estados Unidos, Reino Unido e França em busca de ajuda. Estados Unidos e França já se comprometeram a defender o país sul-americano.
NOTE-SE - Para o Brasil, que aspira a ser uma liderança regional, o avanço de Maduro sobre a Guiana é um grande abacaxi. As relações de Lula e da esquerda com o chefe venezuelano são exaustivamente exploradas pelos adversários, que destacam a pouca transparência e as violações aos direitos humanos cometidas pelo chavismo. Em maio, Lula recebeu Maduro em Brasília, numa sinalização de reaproximação após quatro anos de distanciamento sob a presidência de Jair Bolsonaro. Na ocasião, o petista chamou de “narrativas” as acusações de que a Venezuela não vive sob um regime democrático. No mês seguinte, afirmou que o conceito de democracia é “relativo”. É esse aliado da pesada que Lula terá de defender novamente. A posição brasileira deve ser a de inibir qualquer aventura belicista e defender que as divergências entre países sejam resolvidas nos organismos internacionais, sob a força da diplomacia e não das baionetas. Falta “apenas” combinar isso com Maduro. O perigo mora ao lado.
