Aumentam casos de febre amarela; já é o pior surto registrado no Brasil

Esta matéria foi atualizada ás 15:14 horário de Brasília, dia 31 de Janeiro
Os casos de febre amarela já superaram o pior ano da doença e, em menos de um mês, bateram o recorde histórico. O Ministério da Saúde atualizou os números e a situação pode ser ainda pior, porque as informações sobre o número de casos nos estados levam um dia para chegar ao ministério.
O foco da transmissão está no Espírito Santo e também em Minas Gerais. A preocupação da Organização Mundial de Saúde é que a doença se espalhe para outros estados, por causa de viagens, como as férias e o Carnaval.
Em Minas Gerais, pacientes continuam lotando postos de saúde para tomar a vacina contra febre amarela. O número de casos suspeitos chegou a 712 na segunda-feira (30), de acordo com a Secretaria de Saúde do estado e há 40 mortes confirmadas. Minas é o estado mais afetado do país.
Em São Paulo, o número de mortes subiu de três para seis. A Secretaria de Saúde disse que duas pessoas foram infectadas no interior do estado e as outras quatro ficaram doentes em viagem a Minas.
No Espírito Santo, há 30 casos sendo investigados. Em alguns postos de vacinação, foi preciso distribuir senha para atender tanta gente. Nas contas do Ministério da Saúde, o país já tem 107 casos confirmados da doença e 46 mortes. É o maior surto já registrado no país até hoje e o número pode ser ainda maior, porque o governo federal divulga os balanços com um dia de atraso em relação aos dados encaminhados pelos estados.
O Distrito Federal tinha seis casos suspeitos de febre amarela, mas todos já foram descartados. Essa é uma área com recomendação de vacina e, por isso, esse mês o Ministério da Saúde mandou um reforço: ao todo, 50 mil doses. O problema são algumas cidades goianas que ficam bem pertinho, na região entorno de Brasília, onde nem todo mundo está conseguindo encontrar a vacina.
Não tem vacina em Luziânia. Nem no Novo Gama, onde os postos de saúde estão em reforma. A secretaria está pedindo para as pessoas procurarem Brasília. Alega que ainda está treinando funcionários para aplicar a vacina.
Também está faltando em Itumbiara, que faz divisa com Minas Gerais. O governo de Goiás informou que o estoque vai ser reforçado em 80 mil doses, que só chegam no dia 6.
Na Bahia, onde há seis casos suspeitos, a preocupação com a febre amarela levou muita gente aos postos. Na capital, Salvador, que não é considerada área de risco, moradores procuram clinicas particulares. Caroline levou os dois filhos para tomar a vacina. Ela está preocupada com o Carnaval.
Exatamente por causa das viagens e também por conta do movimento de macacos infectados, a Organização Mundial da Saúde informou que novos casos devem ser detectados em outros estados do país, em áreas que antes não estavam com risco de transmissão.
O Ministério da Saúde informou que está reforçando o estoque de vacinas em 11,5 milhões de doses para estados que registram casos suspeitos e também para os que fazem divisa. Repetiu que todos os casos notificados até agora são do ciclo silvestre de transmissão e que o risco de urbanização da febre amarela é muito baixo.
A vacina é indicada apenas para moradores de áreas de risco e para quem vai viajar para esses locais. Mulheres grávidas, que estejam amamentando, e pessoas em tratamento com quimioterapia, radioterapia, não devem tomar a vacina.
O epidemiologista Pedro Luiz Tauil, professor da Universidade de Brasília, diz que o caminho agora é o que o governo está tomando: vacinar quem está em áreas de risco. Mas ele lembra que fora das épocas de surto, é preciso manter atenção redobrada no programa de vacinação, principalmente nos municípios que têm recomendação permanente da vacina e são menores, nem sempre mantêm um controle sobre a cobertura vacinal.
“O que eu estou defendendo hoje é que os municípios tenham também não só equipes fixas em centros de saúde, mas equipes móveis, volantes que possam atingir a população mais vulnerável. Qual é? A população que vive em área rural ou próxima de áreas rurais e que não demandam vacina em áreas urbanas”, afirmou o professor da UNB, Pedro Luiz Tauil.
Existe uma discussão na área médica, sem consenso, de que a vacina contra a febre amarela deveria ser incluída no calendário nacional de vacinação para imunizar todas as crianças do país, não apenas as que vivem em áreas de risco. Isso para evitar que a doença se espalhe.

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