Menina Benigna: quem foi a primeira beata do Ceará, SEGUNDA-FEIRA 17/06 //////09:40 H



Um santuário de pedra, erguido em Santana do Cariri, no interior cearense, marca o local do martírio da Menina Benigna. A jovem, assassinada aos 13 anos após uma tentativa de estupro, recebeu oficialmente o título de beata pelo Vaticano em 24 de outubro de 2022, 81 anos após a data de sua morte.

Sem fotos para indicá-la, Benigna é conhecida em representações com um vestido vermelho de bolinhas brancas e um vaso que carrega em suas mãos. O objeto é representativo de sua história, já que a menina pegava água no poço quando foi surpreendida pelo assediador, Raul Alves.

A beatificação da “heroína da castidade”, como ficou conhecida por seus devotos na Igreja Católica, chegou oito décadas depois de sua morte, ocorrida em 1941. A cerimônia apresentou a primeira beata do Ceará.


Entenda a história da Menina Benigna e de sua beatificação.
Menina Benigna: a criança antes da beata

Antes de se tornar a beata conhecida por “Menina Benigna”, Benigna Cardoso da Silva nasceu em 15 de outubro de 1928, no Sítio Oiti, em Santana do Cariri, Ceará. Ao lado dos irmãos mais velhos, foi adotada por outra família após a morte dos pais.

A órfã foi descrita pela antiga colega de classe, Antônia Feitosa Silva, como “uma criatura que se dava com todo mundo”. A centenária possuía ainda outro laço com a jovem: era prima do assassino.

“Raul, com licença da palavra, era meu primo, mas era numa base de ruindade. Fez mal à bichinha, deixou ela ir, mas ele não pôde com a vida dela”, revelou Antônia em entrevista para O POVO +.

Sobre Benigna, acrescentou que a menina “era uma pessoa decidida". "Tudo que queria fazer, parece, tinha uma mãozinha de Deus que ia encaminhando.”
Menina Benigna: história do martírio

Quando tinha 12 anos de idade, Benigna começou a ser assediada por Raimundo Raul Alves Ribeiro e rejeitava constantemente as investidas do rapaz mais velho.

Acredita-se que a jovem tenha solicitado ajuda à família e ao pároco da cidade, o padre Cristiano Coelho Rodrigues, que a presenteou com um livro bíblico e recomendou que a menina estudasse em outra escola.

Em 24 de outubro de 1941, ao se encaminhar para buscar água em um poço, Benigna foi abordada mais uma vez por Raul Alves e resistiu a uma tentativa de estupro. Em resposta, Raul a golpeou repetidas vezes com um facão.

Após a sua morte, o padre Cristiano Rodrigues Coelho acrescentou ao registro de batismo de Benigna

“Morreu martirizada, às 4 horas da tarde, no dia 24 de outubro de 1941, no sitio Oiti. Heroína da Castidade, que sua santa alma converta a freguesia e sirva de proteção às crianças e às famílias da Paróquia. São os votos que faço à nossa santinha”.

A Diocese do Crato deu início ao processo de beatificação em 2011, mas a autorização foi reconhecida pelo Papa Francisco em 2019. O processo é responsável por anteceder a canonização na Igreja Católica.

A Menina Benigna foi beatificada em 2022 na data de seu assassinato, 24 de outubro, em cerimônia presidida pelo arcebispo Leonardo Ulrich Steiner, da Diocese de Manaus, representante da Igreja.

A data do assassinato e da beatificação de Benigna Cardoso da Silva também foi definida como o Dia Estadual de Combate ao Feminicídio no Ceará.

(*) Jornal O Povo

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