A quadra chuvosa no Ceará tradicionalmente se estende de fevereiro a maio, mas desde a segunda quinzena de junho, o Estado continua recebendo precipitações, com algumas cidades chegando a receber mais de 80 mm. Mas por que, mesmo com o afastamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), continua chovendo em julho?
De acordo com o Calendário de Chuvas, alimentado pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), embora 15% abaixo da média histórica (517.5 mm contra 609.2 mm), a quadra terminou em torno da normalidade.
Com 38.2 mm, junho também ficou dentro da normalidade, já que a média histórica para o mês é de 37.2 mm. Julho começou com chuvas em quase 130 cidades, com maior destaque para Mombaça (82 mm), no Sertão Central. Em Fortaleza, foram 60 mm.
Ao contrário da quadra, quando o principal fenômeno indutor de precipitações é a ZCIT, o período atual de pós-estação - de junho a novembro - tem maior atuação dos Distúrbios Ondulatórios de Leste (DOLs), também chamados de “Ondas de Leste”.
Os DOLs, aponta a Funceme, são perturbações no campo de vento e pressão na região equatorial do Oceano Atlântico, oriundas de Leste. Eles diminuem a pressão atmosférica em superfície e formam áreas de instabilidades, causando chuvas ao longo de sua trajetória por transportarem grandes quantidades de umidade.
Lucas Fumagalli, meteorologista da Funceme, ressalta que eles são “um fenômeno natural comum nesta época do ano”. Segundo a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apas), DOLs também têm provocado pancadas de chuva de intensidade moderada a forte na Região Metropolitana do Recife.
Assim, no momento, as chuvas previstas para os próximos dias estão associadas à atuação de um DOL próximo à faixa litorânea do Ceará, bem como a efeitos locais, como sistema de brisa, relevo, calor e umidade.
Atualmente, o Estado também atravessa o inverno do hemisfério sul, que se estende de 20 de junho a 20 de setembro. Nessa estação, as chuvas costumam ser mais pontuais.
(*) Diário do Nordeste
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