EXTREMISMO Telegram abriga canais neonazistas e sugere conteúdo a usuários Apesar de sanções da Justiça, plataforma direciona conteúdo de ódio para usuários de canais antivacina e conspiracionistas. No Brasil, estudo mapeou 492 mil posts neonazistas entre 2016 e 2025

Um dos principais concorrentes do WhatsApp no Brasil, a plataforma de mensagens Telegram tem lucrado com a exposição de conteúdo neonazista em canais abertos.

Levantamento feito pelo pesquisador Ergon Cugler, do Laboratório de Estudos sobre Desordem Informacional e Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), mapeou 737.783 conteúdos em comunidades neonazistas de 2016 a 2025 em toda a América Latina.

O Brasil lidera, com 492 mil publicações do gênero. Atualmente, há 118 mil usuários ativos nesses grupos, sendo 35,2 mil somente no país.

A maioria dos canais é acessível pelo algoritmo do Telegram, que os recomenda para usuários que interagem com conteúdo de extrema-direita e teorias da conspiração, como grupos antivacina. Esses ambientes são a porta de entrada para publicações mais extremistas, já que a plataforma identifica a preferência e sugere cardápio em aba intitulada "canais similares".e o pesquisador Ergon Cugler encontrou as primeiras publicações nazistas. Ele pesquisava comunidades de conspiração no Telegram e percebeu que, além de esbarrar frequentemente em exaltações a Adolf Hitler e ao partido nazista alemão, era possível acessar facilmente novas comunicações.

Outro problema é que vários canais encontrados pelo pesquisador — também localizados pela reportagem — foram criados há anos, demonstrando falha na moderação do Telegram. As primeiras postagens datam de 2016 e seguem no ar. Vários estão há anos sem atualizações, mas isso, para Cugler, não significa que estejam fora de uso.

"Não importa se lá atrás houve muita postagem e agora não. O ponto é que elas acabam servindo de biblioteca on-line. Não é preciso publicar mais, já tem tudo disponível ali para quem quiser montar um kit nazista em casa", alertou Cugler ao Correio.

"Esses canais nunca foram derrubados. Os conteúdos, em alguns casos, estão no ar há nove anos. Na prática, vemos uma omissão das plataformas digitais e especialmente no caso do Telegram", afirmou.
Discurso de ódio

Para replicar o levantamento, o Correio fez uma busca simples no Telegram por termos usados comumente em grupos de extrema-direita. Os canais por vezes tinham títulos sem essas palavras, mas com conteúdo de ódio e também redirecionavam, via "canais similares", a comunidades com postagens ainda mais extremistas.

(*) Correio Brazilinse

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