Apesar da conversa com alguns remanescentes do 7 de Setembro, presidente não consegue convencê-los a ir embora. Exigem ser recebidos pelo senador Rodrigo Pacheco para pressioná-lo a tocar o impeachment contra ministros do Supremo.
Depois de se dar conta de que o seu discurso inflamado contra o Supremo Tribunal Federal (STF), nos últimos meses, foi combustível para um protesto de caminhoneiros que militam a favor do governo federal, e que passaram a fechar rodovias federais pedindo a destituição dos ministros da Corte, o presidente Jair Bolsonaro conversou com representantes da classe para tentar reverter a situação e evitar prejuízos para si próprio. Mas, mesmo assim, não conseguiu desmobilizar o movimento.
Ontem, pelo menos 10 caminhoneiros que estão em Brasília desde o feriado da Independência e bloqueiam a Esplanada dos Ministérios, foram recebidos no Palácio do Planalto pelo presidente e o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas. Mas disseram que não vão abrir mão dos bloqueios nas pistas até que sejam atendidos pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para pressioná-lo a analisar os pedidos de impeachment contra ministros do STF — o que foi remetido por Bolsonaro contra Luís Roberto Barroso foi devolvido ao Palácio do Planalto.
Agindo sem a anuência de entidades que representam caminhoneiros, os manifestantes fazem jogo duro por entenderem que a Suprema Corte está “extrapolando” as suas competências institucionais e cerceando o direito à liberdade de expressão dos apoiadores de Bolsonaro. Mesmo sabendo dos riscos de desabastecimento de combustíveis e alimentos, esses caminhoneiros querem ir até o fim para não passarem a impressão de que jogaram a toalha.
“O presidente não nos pediu nada. A gente está aqui manifestando, representando um segmento da sociedade brasileira. A gente estabeleceu uma pauta de entrega de um documento ao senador Rodrigo Pacheco e, até o momento, não tivemos êxito nisso. Permanecemos no aguardo de sermos recebido por ele. Até que isso seja realizado, estamos mobilizados em todo o Brasil”, afirmou Francisco Dalmora Burgardt, conhecido por Chicão Caminhoneiro.
Cleomar José Immich, que também esteve na reunião, disse que o Senado tem “a obrigação de atender e tentar resolver a nossa questão”. “A insatisfação do povo brasileiro com o Judiciário seria isso. O único poder político foi o Executivo, que nos abriu as portas para entender o que estava acontecendo, e o porque disso”, destacou.
(*) Correio Braziliense
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