Mesmo com desgastes, aliado garante que Bolsonaro vai manter o tom de ataques

 

Líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), assegura que o presidente da República continuará com os ataques a ministros do STF, contando com o apoio popular nas manifestações de Sete de Setembro. Nos bastidores, já há sinais de desgaste na articulação política.

J.M. BOLSONARO 


O presidente Jair Bolsonaro manterá o discurso que vem fazendo contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nas manifestações que está convocando para a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e para a Avenida Paulista, em São Paulo, no Dia da Independência, 7 de setembro. “O discurso está pronto, o presidente da República responsabilizará os dois ministros pela crise entre o Executivo e Supremo, eles realmente estão se excedendo”, disse o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), ele próprio investigado pela CPI da Saúde no Senado.

No Congresso, há grande expectativa em relação ao posicionamento de Bolsonaro contra o Supremo. Segundo Barros, o presidente da República não pretende ultrapassar “as quatro linhas da Constituição”, mas vai mandar um recado para os demais ministros do Supremo de que Moraes e Barroso precisam ser contidos para evitar maior radicalização, porque ambos “exorbitaram em suas decisões contra o governo e seus apoiadores”. Bolsonaro pretende mobilizar milhões de seguidores, em caravanas que já estão rumando para Brasília e São Paulo, para mostrar capacidade de mobilização e a disposição de radicalizar as ações políticas.

O que mais está incomodando o presidente da República é o inquérito das fake news e as prisões de bolsonaristas radicais, entre os quais está o presidente do PTB, Roberto Jefferson. Essas investigações se somam ao inquérito realizado no âmbito do Tribunal Superior Eleitoral (STF) sobre o financiamento de sua campanha de 2018, que estaria pronto para ir a julgamento. Havendo provas robustas, o TSE tem poderes para considerar o presidente da República inelegível ou mesmo impugnar a sua eleição, por antecipação de campanha eleitoral e financiamento ilegal, respectivamente.
Centrão
Barros nega que o Centrão esteja se distanciando do governo. Segundo ele, não há a menor hipótese de o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente do PP, deixar a Casa Civil, cargo para o qual foi convidado pelo presidente da República, exatamente para estreitar ainda mais as relações do Centrão com o seu governo. Desde a semana passada, porém, circulam rumores de que a deputada Flávia Arruda (PL-DF), ministra da Secretaria de Governo, responsável pela articulação política com o Congresso, pretende deixar a pasta.

Na quarta-feira, ao deixar a Câmara dos Deputados, Flávia Arruda desabafou com colegas de bancada. “Não aguento mais, isso é um inferno. Eu era feliz e sabia. Em breve, volto para cá”. Articuladora política do governo, a ministra é muito próxima do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). É visível seu desconforto com o clima de radicalização política. A bancada de seu partido, o PL, já está bastante dividida em relação às eleições de 2022.

(*) Correio Braziliense

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