Caucaia, município localizado na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), vive uma escalada de violência. A disputa pelo controle do tráfico de drogas por facções criminosas tem gerado uma guerra sangrenta nos últimos anos, com elevados índices de homicídios. Dessa vez, o turismo e a política partidária são os principais alvos dos grupos armados.
O caso mais recente envolve Emanuel Vieira, proprietário de uma barraca de praia no Cumbuco, que foi assassinado a tiros em seu próprio estabelecimento. A vítima possuía antecedentes criminais. O tradicional passeio de buggies pelo litoral também é ameaçado pela proibição da atividade por parte dos criminosos, conforme o relato de perfis noticiosos locais.
A violência atinge ainda a corrida eleitoral pela Prefeitura. Os candidatos Naumi Amorim (PSD) e Emília Pessoa (PSDB) foram alvos recentes de ataques. Tiros foram disparados enquanto Naumi fazia uma caminhada em uma região dominada por facções. A casa de Emília foi atingida por dezenas de tiros. Em entrevista à imprensa, o delegado da Polícia Civil, Rômulo Melo, afirma que os atentados têm se tornado quase "habituais".
Em uma campanha na qual a segurança pública tornou-se a tônica, a atuação das facções reforça as propostas mais populistas sobre a área. Além disso, a ousadia dos criminosos é sinal de que mudanças ainda não perceptíveis estão ocorrendo no submundo. Compreender o que vem acontecendo só será possível com o avanço das investigações.
É preciso jogar holofotes sobre a relação promíscua entre a política e o crime. Identificar a quem interessa os atentados e descobrir quais são as motivações para tamanha interferência do crime local nas campanhas. Um bom passo, nesse sentido, é traçar os caminhos dos financiamentos às candidaturas. É seguir o dinheiro, como prega o jornalismo investigativo. Um montante imenso de recursos financeiros é movimentado nas eleições. Qual o quinhão que cabe às organizações criminosas?
◾ Ricardo Moura é jornalista e sociólogo. Editor do Blog Escrivaninha (@blogescrivaninha), especializado em Segurança Pública.
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