Neste domingo, 21 de setembro de 2025, a manifestação contra a anistia para condenados pelo ataque do 8 de janeiro e a PEC da Blindagem ganhou destaque não apenas pela presença massiva dos manifestantes na Avenida Paulista, em São Paulo, mas também por um símbolo forte: a bandeira do Brasil. Durante o ato, que reuniu movimentos de esquerda e diversos grupos contrários à proteção legal concedida a parlamentares, uma enorme bandeira nacional foi estendida, tornando-se um ícone do protesto.
Essa presença da bandeira do Brasil contrasta fortemente com um episódio recente ocorrido no mesmo local durante os atos do dia 7 de setembro, quando apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro estenderam uma grande bandeira dos Estados Unidos. A imagem daquela bandeira americana, exibida por bolsonaristas, chegou a gerar debates sobre nacionalismo e soberania, já que muitos viram o gesto como um sinal de alinhamento internacional questionável em um evento que deveria exaltar o patriotismo brasileiro.
A manifestação deste domingo, organizada em grande parte por movimentos progressistas, buscou exatamente reafirmar a soberania nacional e denunciar os projetos em tramitação no Congresso Nacional. Entre as principais pautas do protesto está a rejeição ao projeto que prevê anistia ou redução de penas para condenados pelo ataque ao Congresso em 8 de janeiro de 2023, além da crítica à PEC da Blindagem, que dificultaria processos criminais contra parlamentares, favorecendo uma espécie de impunidade institucional.
Os manifestantes também chamaram atenção para as implicações internacionais, mencionando as tarifas elevadas e sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos, sob a presidência de Donald Trump, contra o Brasil. Esse contexto intensificou o simbolismo de empunhar a bandeira nacional como uma forma de protesto contra influências externas e em defesa da autonomia do país.
Ao longo da tarde na Avenida Paulista, além da bandeira brasileira, o ato contou com uma série de cartazes, placas e palavras de ordem pedindo justiça, transparência e respeito às instituições democráticas. A oposição à blindagem de políticos foi o ponto central, evidenciando o receio de que o Legislativo busque escapar de investigações legítimas no Supremo Tribunal Federal (STF).
A comparação entre os símbolos usados nos dois protestos é reveladora sobre as tensões políticas e ideológicas que atravessam o país. Enquanto grupos alinhados à direita optaram por expor um símbolo estrangeiro em setembro, os manifestantes contrários à atual agenda legislativa optaram por estender a bandeira do Brasil, reforçando uma narrativa de patriotismo e soberania.
Esse uso diferenciado das bandeiras durante manifestações em um mesmo local evidencia como os símbolos nacionais podem ser apropriados para refletir diferentes visões de país e política. No centro pulsante da capital paulista, a bandeira do Brasil foi neste domingo uma expressão clara de resistência à impunidade e de defesa das instituições democráticas brasileiras.
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