Fatos históricos: "O que traz a Alemanha dos anos trinta, a Itália, e a polarização brasileira de hoje", Plínio Salgado e o Fascismo no brasil, o lema tradicionalista "Pátria, Família e Deus". Domingo, 28 de dezembro de 2025, 12h47

A Alemanha estava em uma situação de profunda crise econômica, social e política antes da ascensão de Adolf Hitler ao poder em 1933. Essa devastação resultou principalmente das consequências da Primeira Guerra Mundial e, posteriormente, da Grande Depressão.

Os principais fatores que contribuíram para essa situação foram:Tratado de Versalhes: O tratado de paz impôs condições extremamente severas à Alemanha, que foi obrigada a reconhecer a culpa exclusiva pela guerra, pagar indenizações pesadíssimas aos países vencedores, perder territórios e ter suas forças militares severamente limitadas. Isso gerou um sentimento de humilhação e ressentimento generalizado entre a população alemã.
Crise Econômica e Hiperinflação: Para tentar pagar as dívidas de guerra, o governo da República de Weimar (o regime democrático que substituiu o Império Alemão após a guerra) emitiu grandes quantidades de dinheiro, resultando em uma hiperinflação incontrolável na década de 1920. A moeda perdeu valor drasticamente, e a poupança das famílias alemãs foi dizimada.
Grande Depressão (1929): A crise econômica mundial de 1929 agravou ainda mais a situação alemã. Os Estados Unidos, que haviam emprestado dinheiro para a recuperação alemã (Plano Dawes), suspenderam os empréstimos, o que levou ao colapso de bancos e indústrias e a um desemprego em massa.
Instabilidade Política: A República de Weimar era um regime democrático frágil e instável, marcado por conflitos políticos violentos nas ruas entre grupos de extrema-direita e extrema-esquerda e várias tentativas de golpe de Estado.
Insatisfação Social: A miséria e o desemprego crescentes geraram revolta social e um terreno fértil para discursos ultranacionalistas e antissemitas, que culpavam judeus, comunistas e os países signatários do Tratado de Versalhes pela situação da Alemanha.
Nesse contexto de caos e desespero, Adolf Hitler e o Partido Nazista ganharam apoio popular ao prometer soluções radicais, como a recuperação econômica, a rejeição do Tratado de Versalhes e a restauração do orgulho nacional alemão, o que culminou em sua nomeação como chanceler em 1933.

Surgimento de Hitler

<> Adolf Hitler "surgiu" como figura política relevante a partir de 1921, quando se tornou líder do Partido Nazista, mas alcançou o poder em 30 de janeiro de 1933, quando foi nomeado Chanceler da Alemanha, e consolidou-se como ditador em 1934, assumindo o cargo de Führer. Ele nasceu em 20 de abril de 1889, na Áustria, e sua ascensão ao poder foi gradual, impulsionada pelo nacionalismo, antissemitismo e a crise pós-Primeira Guerra Mundial, culminando na Segunda Guerra Mundial e no Holocausto.

Linha do Tempo do Surgimento de Hitler:1889: Nascimento de Adolf Hitler na Áustria.
1914-1918: Atua como soldado na Primeira Guerra Mundial.
1919: Entra para o Partido dos Trabalhadores Alemães (DAP), que se tornaria o Partido Nazista.
1921: Torna-se líder do partido, renomeado para Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP).
1923: Lidera o fracassado "Putsch da Cervejaria" (tentativa de golpe) e é preso, escrevendo "Mein Kampf" (Minha Luta) na prisão.
1930-1932: O Partido Nazista cresce nas eleições, tornando-se o maior partido do parlamento alemão.
30 de Janeiro de 1933: Nomeado Chanceler da Alemanha pelo presidente Paul von Hindenburg.
1934: Após a morte de Hindenburg, assume o poder total como Führer e Reichskanzler, estabelecendo a ditadura nazista.

O surgimento do lema "Pátria, Família e Deus"

A frase "Pátria, Família e Deus" não foi inventada por uma única pessoa em um momento específico, mas sim um lema tradicionalista que reflete valores conservadores e tem sido usado por diversos movimentos políticos de direita e extrema-direita ao longo da história, incluindo o fascismo.
As principais associações históricas da frase incluem:Integralismo Brasileiro: No Brasil, o lema "Deus, Pátria e Família" (ou "Pátria, Família e Deus") foi amplamente utilizado pela Ação Integralista Brasileira (AIB), um movimento de inspiração fascista liderado por Plínio Salgado na década de 1930.
Fascismo Italiano: O ditador italiano Benito Mussolini usou um slogan semelhante: "Deus, pátria e família".
Estado Novo Português: Em Portugal, a frase foi um lema oficial do regime ditatorial de António de Oliveira Salazar, o Estado Novo, e fazia parte da "trilogia da Educação Nacional" distribuída nas escolas.

Mais recentemente, o lema foi retomado por movimentos conservadores e figuras políticas contemporâneas, como o ex-presidente Jair Bolsonaro, que o utilizou em sua campanha e governo.

Qual a origem do lema Deus, pátria e família?

Esse lema vem do pensamento de Giuseppe Mazzini, um dos pais da unificação italiana. Em sua concepção, assume um significado de emancipação. Hoje, dois séculos depois, significa propor uma perspectiva de retorno a uma sociedade em que o pai pega sua autoridade do pai da pátria, o qual a recebe diretamente de Deus.

Quem foi Plínio Salgado?

Plínio Salgado foi um jornalista do interior paulista. Nascido em 1895, iniciou sua carreira na imprensa em 1916 em um jornal de sua cidade natal “Correio de São Bento”.

Ao perder sua mulher, passa a dedicar seus estudos e leituras aos pensadores cristãos, até ali era ávido leitor dos filósofos materialistas. Muda-se para São Paulo onde vai trabalhar no “Correio Paulistano”, órgão oficial do Partido Republicano Paulista (PRP).
Plínio trouxe da ITÁLIA FASCISTA O LEMA PÁTRIA, FAMÍLIA E DEUS, USADA NOS DIAS ATUAIS POR JAIR BOLSONARO

Em 1928 se elege como deputado pelo PRP, já com posicionamentos claros de nacionalismo e antiliberalismo. Nas eleições de 1930 apoia o candidato da situação Julio Prestes. Não termina seu mandato de deputado, viaja para o Oriente médio e à Europa. Na Itália conhece Mussolini e se impressiona com o ideal fascista.

Ao retornar no fim de 1930, no auge da Revolução que derrubou o governo de Washington Luís, inicialmente se posicionou a favor do presidente em exercício, mas com a tomada de poder por Getúlio Vargas e a vitória dos revolucionários, Plínio muda de lado e declara apoio à Revolução. Plínio redige o Manifesto dos Revolucionários paulistas e passa a partir desse momento apoiar as decisões varguistas.

Em 1932 Plínio novamente se posiciona de maneira contraditória, enquanto os paulistas estão defendendo uma constituinte imediata, ele, no jornal para onde escrevia “A Razão”, defende uma ação contrária a constitucionalização do país. Por esse posicionamento o jornal sofre com depredação e tem sua sede incendiada.


É também a partir de 1932 que Plínio inicia a sequencia de ações que darão resultado na criação da Ação Integralista Brasileira. Plínio idealiza um movimento partidário, com posicionamento político de extrema-direita e inspiração fascista. Sob o lema de “Deus, Pátria e Família” Plínio Salgado Lança em o Manifesto da AIB em outubro de 1932.

Inspirado por sua passagem na Itália de Mussolini, a diferença do Integralismo para o nazi-fascismo era o discurso quanto a questão racial. Não havia intenção explicitamente racista na doutrina Integralista na qual seu idealizador pressupunha a miscigenação como formadora da sociedade brasileira.

Em 1937 os “Camisas verdes” como também era conhecidos os Integralistas, vão apoiar o Golpe do Estado Novo de Vargas. Plínio vê nos ideais nacionalistas de Vargas a oportunidade de favorecer as causas da AIB. No entanto a AIB é fechada tal como todos os outros partidos e os integralistas passam a ser perseguidos. Como forma de explicitar sua revolta a decisão governista os integralistas vão se organizar para um levante contra Vargas.

Nas ações da AIB contra Vargas no levante de 1938, Plínio, seu líder e idealizador, se mantém distante das ações, e quando as revoltas são aplacadas, principalmente pela falta de organização das mesmas, Plínio nega qualquer envolvimento com aquele movimento revoltoso.

Enquanto os integralistas passam a ser perseguidos em todo país, Plínio é poupado até 1939 quando passa algum tempo preso, mas logo é liberado. Volta a ser preso novamente em maio de 1939 e meses depois é exilado em Portugal.

Plínio só retorna ao Brasil em 1945 com a redemocratização.

Sua vida política continua ativa tendo fundado o Partido de Representação Popular (PRP). Apoiou JK (Juscelino Kubitscheck), ocupando a direção do Instituto Nacional de Imigração e Colonização. Em 1964 foi orador na Marcha da Família com Deus pela Liberdade em São Paulo contra o Presidente João Goulart.

Plínio apoia a Ditadura Militar e a extinção dos antigos partidos. Filia-se ao ARENA (Aliança Renovadora Nacional) onde iria se eleger duas vezes como deputado federal (1966 e 1970).

Plínio morre em São Paulo em 1975. Seu ideal Integralista, no entanto permanece vivo e organizado na “Frente Integralista Brasileira” que em 2009 lança um novo manifesto. Sua ideologia não encontra, porém o amparo social como nos anos de 1930 quando teve seu auge.

(*) Blog pesquisa

O jornalista e político Plínio Salgado trouxe da Itália de Mussolini o lema "Pátria, Família e Deus" 



A décima letra do alfabeto grego, Sigma era a bandeira do Partido Integralista Brasileiro que trazia o lema Pátria, Família e Deus.














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