Justiçamento público – Quando a Humanidade errou e não parou Hitler no momento certo

08 DE OUTUBRO, DOMINGO
Da Coluna Valdemar Menezes, no O POVO deste domingo (8):
Resultado de imagem para opinião
A comoção causada nos meios democráticos pelo suicídio do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luiz Carlos Cancellier de Olivo, reforça a convicção, nos meios democráticos, de que o Estado de exceção avança no Brasil. O reitor foi preso, de forma ostensiva e abrupta apenas para ser ouvido e, segundo ele mesmo relatou, foi despido e colocado num cárcere, passando por várias humilhações, junto com outros seis membros da instituição. Depois que foi solto, foi proibido de ingressar na UFSC, como se fosse um criminoso.
Tudo como resultado de mais uma operação espetacularizada da Polícia Federal. Pretexto: apurar acusações de supostos desvios de recursos e irregularidades em cursos de ensino a distância, no programa Universidade Aberta do Brasil (UAB). O reitor não se opôs. Mas, uma discussão técnica interna sobre se a investigação deveria ser feita pela corregedoria da universidade ou pela AGU e TCU (sendo esta última a opção seguida pelo reitor depois de orientação da Procuradoria da universidade) se transformou em acusação de obstrução de justiça, pela Polícia Federal, chamada a intervir.
No velório do reitor, seu colega de universidade, desembargador Lédio Rosa de Andrade, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, depois de se declarar envergonhado de ser desembargador, neste momento, protestou: “Esta noite fiquei a pensar quando a Humanidade errou e não parou Hitler no momento certo, quando a Humanidade errou e não parou Mussolini no momento certo. Eles estão de volta. Será que vamos errar de novo e vamos deixá-los tomar o poder?” E arrematou: “Fascistas e democratas usam as mesmas togas. Eles (os fascistas) estão de volta. Temos que pará-los”.
Já o Instituto dos Advogados do Brasil (IAB) declarou em nota: “O IAB repudia atos de justiçamento público, antecipação de penas privativas da liberdade e quaisquer decisões judiciais tomadas em desrespeito aos princípios da presunção da inocência e da ampla defesa, alicerces maiores do devido processo legal”.
Abusos do Judiciário foram também denunciados pelo ministro Sebastião Reis, do Superior Tribunal de Justiça, em palestra no Instituto Victor Nunes Leal, que expôs a omissão de instituições que deviam zelar pela lisura do ordenamento jurídico: “Hoje em dia é preciso mais coragem para absolver um inocente do que para tirar a liberdade de alguém (…) O Ministério Público e a polícia usam a imprensa com o intuito claro de criar pano de fundo favorável à acusação em processos e para defender projetos de lei absurdamente imorais, aproveitando-se da sanha acusatória que toma conta do País. Com isso, qualquer um que discorde dos órgãos de acusação é taxado como inimigo, cúmplice de bandido e favorável à corrupção (…) A omissão das instituições, apontou, levou o Brasil a uma situação absurda, onde as pessoas precisam ter coragem para defender o que acham justo. A presunção de inocência, segundo ele, “acabou” (…) “Quem é exposto na imprensa, independente se de maneira justa ou injusta, do dia para noite está condenado”. Condenou também a fala de juízes fora dos autos.
O POVO

Related Post

Justiçamento público – Quando a Humanidade errou e não parou Hitler no momento certo BLOG DO CARLOS DEHON Rating: 5 domingo, 8 de outubro de 2017

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...