Dia 'D' para Temer: Câmara vota segunda denúncia nesta quarta


Luis Macedo/Camara dos Deputados

Mesmo com toda a mobilização do governo nos últimos dias para angariar mais votos contra a peça acusatória da Procuradoria-Geral da República (PGR), a expectativa hoje, inclusive de parlamentares governistas, é de que o placar da votação não ultrapasse os 263 votos conquistados em agosto pelo presidente Michel Temer na última denúncia. A segunda secretária da Casa, Mariana Carvalho (PSDB-RO), leu o relatório do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), no início da tarde de ontem. A sessão de análise do texto que pede a suspensão das denúncias contra Temer por obstrução de Justiça e organização criminosa — o processo também incluiu os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-geral) — está marcada para começar a partir das 9h e deve se alongar por todo o dia.
Para que a denúncia tenha seguimento, é preciso que 342 deputados digam “não” ao relatório de Andrada, número considerado impossível tanto pela base quanto pela oposição. Entretanto, o fato de o governo estar com dificuldades de manter, ao menos, o compromisso dos 263 que o apoiaram da primeira vez — quando a PGR acusou Temer de corrupção passiva — tem sido comemorado pela oposição. Na visão do Planalto, é importante que o número seja maior para que a base saia fortalecida e as reformas tenham mais apoio.
“Pelo que a gente está vendo, o governo deve conseguir algo entre 240 e 250 votos. Muita gente está com medo da exposição de votar, então o número de ausências deve aumentar”, comenta um aliado que prefere não se identificar e se preocupa com a governabilidade pós-votação. No Planalto, interlocutores de Temer minimizam as especulações. “O presidente está confiante no trabalho de articulação e no retorno que tem tido dos líderes. Não tem nada que indica que seja diferente disso”, justifica um aliado.
Já a oposição aposta na estratégia de não dar quórum em plenário para que a sessão seja adiada. De acordo com o rito definido pela presidência da Câmara, a votação só pode começar quando 342 deputados tiverem marcado presença. Pelos cálculos dos parlamentares contrários a Temer, se os 227 que votaram contra ele na primeira denúncia não marcarem presença, a votação não começará. E, ontem, o trabalho foi nessa linha de convencimento. “Esse governo não reúne condições morais nem institucionais para continuar governando o país. O melhor caminho para cada um se preservar aqui é não vir à Casa, não dar presença. A cada dia que passa, nós estamos ampliando as nossas forças”, afirma o líder da Minoria na Câmara, José Guimarães (PT-CE).
Na primeira vez que Michel Temer foi acusado pela PGR, a tática dos opositores foi a mesma: tentar esvaziar o plenário para adiar a votação, mas o quórum acabou atingido cedo. O deputado Carlos Marun (PMDB-MS), um dos maiores aliados de Temer, repudia a hipótese de adiamento da sessão e diz que “o recolhimento da oposição antecipa uma amarga derrota”, porque “as apostas da esperança dos opositores estão fechadas e não existe a menor possibilidade de o governo sair perdedor nessa votação”. Para Marun, “os votos dos aliados estão em total sincronia, e quem não concorda com o arquivamento da denúncia não tem condições de impedir o trâmite”.
Desfiliações
Um dos partidos com mais problemas internos por causa da divergência de opiniões sobre a denúncia é o PSB. Ontem, quatro deputados pediram a desfiliação da sigla: Tereza Cristina (MS), Danilo Forte (CE), Fábio Garcia e Adilton Sachetti (ambos do MT). O presidente do PSB, Carlos Siqueira, afirmou que “ajustes como estes são necessários em partidos que não querem se descaracterizar”.
Tereza, Danilo e Fábio já estavam sendo investigados internamente por apoiar as reformas de Temer e eram para ter sido expulsos do partido na semana passada, ação impedida por uma liminar. Na mesma apuração está o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, que deve apresentar a desfiliação até sexta. Os cinco foram pró-Temer na primeira denúncia, em agosto. Com a saída, a bancada do PSB cai de 35 para 31 parlamentares. Os deputados devem ser abraçados por outras legendas como o DEM ou o Podemos.
 

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