"Deus me usou para que nenhuma vida fosse perdida". Essas foram as palavras de Neila Lara Baragchum, 50 anos, responsável por salvar a vida de mais de 50 famílias. A empresária foi quem ligou para o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) e alertou sobre a possibilidade de o prédio em que ela tinha uma oficina, na QS AE 20 de Taguatinga, desabar a qualquer momento. A mulher chegou a ser chamada de "louca" e, em entrevista ao Correio, contou que sentiu uma sensação ruim horas antes da tragédia.
Neila é casada com Rabib Baragchum, 64, há quatro anos, e tem dois filhos fruto de outro relacionamento, de 36 e 32 anos, mas que moram em outros estados. Desde quando se casou, a mulher passou a trabalhar com o marido em uma mecânica, que fica no térreo do prédio de Taguatinga. A loja onde funcionava a oficina foi fundada por Rabib em 2001 e era alugada.
Na quarta-feira (5/1), um dia antes de o prédio desabar, Neila estava de cama em casa, em Samambaia Norte, por conta das fortes dores causadas por pedras nos rins e não foi trabalhar. Um dia depois, na quinta-feira (6/1), mesmo sentindo-se mal, a mulher decidiu acompanhar o marido. Por volta das 7h30, quando Rabib abriu a oficina, percebeu que pedaços de cimento caíram ao chão. "Senti um incômodo grande e falei para o meu marido que não queria ficar lá dentro para morrer com meu neto, pois Deus havia falado em meu coração que o prédio ia cair", relata.
Rabib não acreditou nas palavras da mulher e disse que um prédio daquele não iria cair dessa forma tão rápido. O empresário, então, pediu para que Neila acionasse um transporte por aplicativo e voltasse para casa. "Ela disse que não iria embora, que era minha esposa e que tinha que ficar comigo onde eu estivesse. Foi quando ela falou que iria chamar os bombeiros, e eu disse para fazer o que achasse melhor", confessa Rabib.
Pedido de socorro
Por volta das 8h, Neila saiu da oficina e acionou o Corpo de Bombeiros. Após várias tentativas, a empresária conta que a equipe pediu para que ela enviasse um e-mail para a Defesa Civil informando sobre a situação. "Por fim, eu retornei a ligação para os bombeiros e disse que era urgente, quando eles perceberam o desespero por meio da minha voz, entenderam a gravidade do assunto. Por volta das 11h30, eles chegaram e interditaram o prédio. Foi um sinal", disse a empreendedora, que é evangélica.
(*) CORREIO BRAZILIENSE
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