De 330 assassinatos no Ceará em 2020, 147 tiveram como motivação disputa entre facções

O Ceará teve, pelo menos, 147 assassinatos com motivação inicial descrita como decorrente de disputa entre facções criminosas em 2020. É o que indicam dados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) obtidos por O POVO a partir da Lei de Acesso à Informação (LAI).
Os números de mortes causadas pelas facções, porém, são bem maiores, já que apenas 330 dos 4.039 Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs) ocorridos no ano passado tiveram motivação preliminar descrita no Sistema de Informações Policiais (SIP3W), da Polícia Civil. No sistema, constam cinco motivos em que os policiais podem cadastrar como possível causa do assassinato nos relatórios de recognição visuográfica, feitos pela Polícia Civil nos locais dos crimes. Além de disputa entre facções criminosas, é possível indicar como motivação inicial "drogas", "passional", "vingança" e "homofobia".

"Esse campo não é de preenchimento obrigatório, visto que, na maioria das vezes, não há informações iniciais de motivação, que são coletadas no decorrer da investigação", informou o Comitê Setorial de Acesso à Informação da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública do Estado do Ceará (Supesp).

Após disputa entre facções criminosas, a motivação inicial mais frequentemente citada foi drogas, com 78 casos. Em seguida, vem vingança, com 60, e passional, com 45. Homofobia não foi indicada nenhuma vez. Esses campos foram definidos em junho de 2019; até então, constavam outras motivações preliminares, como "rixa" e "política".

Um caso indicado como decorrente da disputa entre facções que foi elucidado foi a morte do adolescente João Augusto Mendes, de 16 anos. Conforme denúncia do MPCE, João caminhava na tarde do dia 9 de fevereiro pela rua Itajeú, no bairro Canindezinho, quando foi surpreendido por um homem de bicicleta, que passou a efetuar disparos. A investigação mostrou que ele foi morto apenas por ser primo de um integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC), que o assassino acreditava ter matado um comparsa seu da facção Guardiões do Estado. Francisco Weslley de Miranda Martins, de 23 anos, foi denunciado pelo crime. O caso ainda aguarda julgamento.

Mesmo em apenas um semestre com a nova classificação, 2019 teve quase o dobro de motivações preliminares informadas: 504 foram descritos. A disputa entre facções criminosas também foi a motivação mais comum naquele período: 208 homicídios foram registrados assim. Na sequência também vem drogas, com 126 casos, seguido de vingança, com 100, e passional, com 70. Homofobia também não teve registro em 2019.

O POVO procurou a SSPDS para saber como a pasta via o diminuto número de indicações de motivações preliminares em local de crime e para entender também quais as principais estratégias para enfrentar os crimes mencionados. Não houve retorno até o fechamento desta matéria.

Fonte: O Povo

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