Exército destina estoque de cloroquina para malária e indicações da bula

Atualmente, são armazenados 291 mil comprimidos de cloroquina 150 mg, com validade até junho de 2022.

Comprimidos de cloroquina produzidos no Laboratório Químico Farmacêutico do Exército brasileiroFoto: LQFex/Exército Brasileiro (31.mar.2020)

Beatriz AraújoJosé Britoda CNN

em São Paulo



Os comprimidos de cloroquina em estoque no Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército (LQFEx), no Rio de Janeiro, serão distribuídos para regiões endêmicas de malária e demais indicações constantes da bula do medicamento. A informação foi revelada pelo Exército à CNN, na segunda-feira (04).

Atualmente, são armazenados 291 mil comprimidos de cloroquina 150 mg, com validade até junho de 2022.

Segundo o Centro de Comunicação Social do Exército (CCOMSEx), a distribuição de cloroquina 150 mg não aconteceu ao longo deste ano, devido à falta de finalidade para o uso do medicamento.

Tendo como base o histórico da malária no Brasil, o Ministério da Saúde afirma que 99% dos casos da doença estão concentrados na região da Amazônia Legal, no norte do país.

O governo federal distribuiu 482 mil doses do medicamento para tratar pacientes em estado grave de Covid-19, entre os meses de setembro e final de dezembro de 2020. O remédio tem ineficácia cientificamente comprovada contra o novo coronavírus.

De acordo com o médico e professor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), Marcelo Ferreira, há cerca de 150 mil casos de malária por ano no Brasil e 90% deles são tratados com a cloroquina 150 mg.

“O tratamento de um adulto com malária precisa de dez comprimidos de cloroquina 150 mg. Em uma matemática básica, 290 mil comprimidos são capazes de atender a demanda de pelo menos 29 mil pessoas com malária no Brasil”, diz Ferreira.

Marcelo explica ainda que o Exército deve ter sido cotado para produzir uma quantidade grande de cloroquina e a demanda não se concretizou. “O Exército não é o fornecedor habitual de cloroquina para quem, de fato, usa cloroquina em grande quantidade, que é o programa de malária do Ministério da Saúde. Por um lado, o programa do Ministério da Saúde deve estar comprando dos fornecedores habituais e o Exército não sabe o que fazer com esse material.”, diz.
Rota da Cloroquina

Documentos obtidos pela CNN por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) mostram que, entre abril e agosto, o Ministério da Saúde solicitou aos militares 1,5 milhão de comprimidos de cloroquina para serem distribuídos às Secretarias Estaduais de Saúde. O objetivo do envio dos medicamentos era para “combater a pandemia Covid-19” com base no número de casos suspeitos em cada estado.

Em setembro de 2020, a CNN revelou que o Exército pagou preços superfaturados em insumos para a fabricação da cloroquina. Um contrato a que a reportagem teve acesso mostra que o LQFEX gastou R$ 782,4 mil com a matéria-prima necessária para a produção da cloroquina, pagando 167% acima do valor de mercado — uma compra que foi sinalizada como suspeita pelo Escritório de Contabilidade Geral Federal.

Na época, o Exército não contestou formalmente esse aumento do valor da compra e só cobrou explicações por escrito à empresa depois da negociação, já finalizada, ter virado alvo de uma investigação no Tribunal de Contas da União (TCU). A justificativa dada foi de que os preços subiram por causa das oscilações da taxa de câmbio e do aumento da demanda internacional.

(*) CNN
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