A exibição de ‘Amor Estranho Amor’ na TV, 4 décadas depois

Conhecido como o “filme proibido” da Xuxa, “Amor estranho amor” (1982) vai ganhar sua primeira exibição na televisão na madrugada de quinta para sexta-feira (12), à 0h30, no Canal Brasil. A circulação do longa dirigido por Walter Hugo Khouri (1929-2003) estava vetada desde o início da década de 90 pela apresentadora Xuxa Meneghel, que foi figurante na produção.
O drama, que retrata temas como prostituição infantil e incesto a partir da história de Hugo, um menino que passa um dia no bordel onde sua mãe trabalha, ficou famoso por uma cena que mostra a apresentadora seminua com o garoto de 12 anos.
Xuxa aceitou o papel a pedido do então namorado Pelé, amigo do produtor Anibal Massaini Neto. Quando gravou o longa, ela tinha 18 anos e trabalhava como modelo.
“Amor estranho amor” foi lançado nos cinemas em 1982, um ano antes de Xuxa começar a se dedicar ao programa "Clube da Criança", na TV Manchete. Em 1986, passou a comandar o "Xou da Xuxa", na TV Globo, onde o sucesso com o público infantil lhe rendeu a alcunha de “rainha dos baixinhos”.
Nessa época, “Amor estranho amor”, que recebeu classificação indicativa de 14 anos, tinha rendido à sua protagonista, Vera Fischer, o troféu de melhor atriz pelo Festival de Cinema de Brasília, um dos mais importantes do país, e já circulava em VHS.
Conflito jurídico
Ao perceber que a carreira com o público infantil era incompatível com suas cenas e com a divulgação do longa – que apelava à nudez dela – Xuxa deu início a uma disputa judicial que só teria fim em 2018. A comercialização do filme foi proibida pela Justiça em 1991 em decisão do então juiz Luiz Fux, atual presidente do Supremo Tribunal Federal.
Xuxa pagou mais de R$ 300 mil por ano para a produtora do longa, a Cinearte, para impedir a difusão do filme. O valor era uma espécie de ressarcimento à empresa pela não comercialização da obra.
Após percorrer vários tribunais, em 2017 os advogados de Xuxa levaram a disputa ao Supremo. O ministro Celso de Mello considerou a reclamação “inacolhível” e negou seu seguimento. O acordo que a apresentadora mantinha com a Cinearte e que embargava a distribuição do filme perdeu a validade em 2018. No fim de 2020, após oferta do produtor Anibal Massaini Neto, o Canal Brasil comprou os direitos de exibição do longa.
Em 2010, Xuxa começou outra batalha judicial, desta vez contra o Google. A apresentadora pedia que a empresa tirasse do ar resultados de busca que a relacionassem à prática de pedofilia. Ela perdeu.
Xuxa, que não apresenta mais programas infantis e foi demitida da Record no fim de 2020, mudou de ideia sobre o filme. Agora, ela incentiva as pessoas a assistirem ao longa, que considera “muito bom”. Em entrevista ao Fantástico em novembro de 2020, afirmou que o filme “fala de uma coisa muito atual, que é a exploração infantil”.
“Não é minha realidade, mas é a realidade de muita gente. Então, antes de as pessoas me criticarem, elas deveriam saber que isso existe, diariamente, nesse país e no mundo todo, mas, principalmente, nesse país”, disse.

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