Ceará tem redução de 56,33% em diagnósticos de Doença de Chagas em cinco anos

O diagnóstico da Doença de Chagas crônica teve redução de 56,33% no Ceará, saindo de 229 pacientes anuais, em 2015, para 100, no último ano - como registra o Boletim das Doenças Tropicais Negligenciadas. Os dados da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) mostram ainda que cerca de um terço dos municípios do Estado apresentam alto risco de transmissão da infecção. As informações foram publicadas na sexta-feira (29).
A maioria dos pacientes infectados pelo parasita Trypanosoma cruzi são homens (566) de 50 a 59 anos, conforme o balanço dos últimos cinco anos. Esse mesmo perfil concentra a maior taxa de mortalidade (65%) da doença como causa básica das mortes no período analisado.

Pela estratificação de risco dos municípios, o Ceará apresenta atualmente 64 (34,81%) cidades com alto risco de transmissão vetorial, 69 (37,5%) com médio risco de transmissão e 51 (27,7%) com baixo risco.

As atividades de busca ativa aos pacientes infectados pela doença de Chagas tiveram um aumento a partir de 2018, conforme o documento, nas casas com a presença do triatomíneos, inseto conhecido como barbeiro. Com o aumento da aplicação de testes sorológicos foi confirmada a redução dos índices deste tipo de infecção.

Sintomas

Entre os efeitos da doença, a insuficiência cardíaca e o comprometimento do órgão ao estágio em que há a necessidade de transplante podem ser observados nos pacientes. Em outros casos, não há manifestação de sintomas por muitos anos em que o paciente deve ser constantemente monitorado.

“A doença de chagas ainda deve merecer a atenção das autoridades sanitárias porque é considerada ainda uma doença negligenciada. Atinge mais aos pobres, que não são orientados sobre a gravidade e como se prevenir”, analisa o cardiologista do Hospital de Messejana, João David de Souza Neto.

Transmissão

Quando o inseto conhecido como barbeiro, infectado pelo parasita, pica alguém há a transmissão da Doença de Chagas. A partir daí, a doença pode se estabelecer na forma aguda, com poucos ou nenhum sintoma, ou crônica, quando os efeitos são mais danosos. “O paciente pode ser picado pelo barbeiro, aqui na nossa região a transmissão é dessa maneira, e a fase aguda passar despercebida. O remédio só tem ação na fase aguda, na fase crônica não tem eficácia”, explica o especialista.

“Essa transmissão é acometida mais em comunidades desassistidas, onde não existe controle sanitário porque o barbeiro habita as frestas das casas, principalmente, em cidades do interior”.

João David, também coordenador da unidade de transplante e insuficiência cardíaca da unidade de saúde, destaca que a doença está entre as principais causas dos pacientes na fila de transplantes. “Quando há o acometimento dos órgãos, a doença pode avançar ao longo dos anos e são tratadas as suas consequências. Com o diagnóstico precoce pode ser tratado adequadamente o crescimento do coração e o acometimento de uma forma geral”, frisa.

Tratamento

O Laboratório de Pesquisa em Doença de Chagas (LPDC), da Universidade Federal do Ceará (UFC), oferece acompanhamento farmacoterapêutico e laboratorial desde 2005. Foram atendidos 592 pacientes cadastrados que realizaram acompanhamento farmacêutico para a doença até dezembro de 2020.

De 2015 a 2020, foram diagnosticados e tratados 123 pacientes no Laboratório de Pesquisa. São atendidos casos de diversos municípios cearenses e do ambulatório de cardiologia da doença de Chagas do Hospital Universitário Walter Cantídio.

O monitoramento dos casos da doença, além de ações educativas e sanitárias, são eficazes para a redução dos casos, conforme o médico João David. “O diagnóstico precoce da Doença de Chagas é importante de acordo com o acometimento do órgão, como coração e sistema digestivo, e também cursar a forma indeterminada, quando portador da doença não é acometido”, acrescenta.

Fonte: Diário do Nordeste

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