Muhammad Ali: 80 anos da lenda do boxe e ícone do orgulho racial



Considerado um dos maiores lutadores de boxe de todos os tempos, Muhammad Ali rompeu as fronteiras do esporte e tornou-se símbolo de resistência à Guerra do Vietnã, luta por direitos humanos, combate ao racismo e paz. Nascido Cassius Marcellus Clay Júnior, em 17 de janeiro de 1942, a lenda faria hoje 80 anos. Mas vamos chamá-lo pelo nome que ele escolheu, afinal: “Cassius Clay é o nome de um escravo. Não foi escolhido por mim. Eu não o queria. Eu sou Muhammad Ali, um homem livre.”

O que fez do pugilista o desportista do século XX e ícone do orgulho racial para os afro-americanos não foi somente o desempenho espetacular no esporte, deve-se em grande parte a sua postura política e social fora dos ringues. Em um tempo onde não era comum e muito menos permitido esse tipo de conduta aos desportistas, pricipalmente ele sendo negro, Ali inverteu a lógica e, para começar, se negou a servir ao exército dos Estados Unidos (EUA) na Guerra do Vietnã. Como justificativa, a frase que ficou na história:

“Por que eles deveriam me pedir para colocar um uniforme, ir a dez mil milhas de casa e atirar bombas e balas nas pessoas marrons no Vietnã enquanto as pessoas chamadas de 'nigger' em Louisville são tratadas como cachorros e negadas de direitos humanos básicos”, declarou Muhammad Ali.

As consequências dessa negativa vieram rapidamente, foi condenado a cinco anos de prisão, perdeu os cinturões de campeão mundial - na época ele era o atual vencedor dos pesos pesados e já havia defendido o título por nove vezes - e foi suspenso das lutas durante três anos. Em 1971, a prisão foi revogada por unanimidade na Suprema Corte.

O período de suspensão veio exatamente quando seu desempenho estava em ascensão. Porém, nos três anos em que esteve afastado dos ringues, Muhammad Ali tornou-se uma das principais lideranças contra o racismo nos Estados Unidos, na verdade sua popularidade só aumentou e ele passou a viajar o país e o mundo defendendo as questões raciais, os pobres, muçulmanos e denunciando um sistema racista e excludente.

A voz de Ali só ecoou e acabou virando um ícone de orgulho racial e da geração da contracultura durante o Movimento dos Direitos Civis dos anos de 1960. Ele se tornou um porta-voz da igualdade racial, e é nesse período que começou a aproximação com Malcom X, um dos maiores líderes do movimento negro norte-americano. Na época, a segregação racial norte-americana dividia a sociedade, principalmente nos estados sulistas do país.


Em 1998, Ali foi nomeado Mensageiro da Paz da Organização das Nações Unidas (ONU) e viajou o mundo apoiando crianças e civis vítimas de conflitos e promovendo a reconciliação entre pessoas e nações. Antes disso, em 1970, esteve na ONU em campanha contra o apartheid e a injustiça racial.

Os números de Ali são impressionantes, com uma carreira que iniciou ainda aos 12 anos, ele teve sua primeira vitória logo após seis meses de treino, como atleta amador subiu ao ringue 108 vezes e ganhou 100 lutas, ou seja, um rendimento de 93%. Profissionalmente, foram 61 combates, dos quais 19 foram defendendo o título mundial. Ali foi campeão por 56 vezes , sendo 37 por nocaute, e teve apenas cinco derrotas. Ele foi o primeiro lutador de boxe a se tornar tri-campeão mundial dos pesos-pesados.

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Muhammad Ali: 80 anos da lenda do boxe e ícone do orgulho racial BLOG DO CARLOS DEHON Rating: 5 segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

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