COPA DO MUNDO Argentina e França lutam pela glória e história da Copa do Mundo Peregrino no deserto da Copa há cinco edições, Messi acha pela segunda vez oásis que pode encerrar 28 anos de seca da Argentina. Domada por Mbappé, atual campeã França tenta quebrar um tabu de 60 anos no Mundial



Lusail — Diz um conto árabe que dois amigos peregrinavam pelo deserto. Em determinado ponto da caminhada, ambos quebraram o pau. Brigaram feio, mesmo. O ofendido não reagiu, mas expressou a tristeza em uma frase redigida na areia: "Hoje, o meu melhor amigo me bateu no rosto".

Superada a treta, eles seguiram viagem. A dupla avistou um oásis. Decidiram se hidratar e tomar banho. O esbofeteado passou apuro na água. Não sabia nadar e começou a se afogar. Quem o havia agredido entrou em ação e o resgatou. Renovado, o companheiro fez novo registro. Agora, em uma pedra. "Hoje, meu melhor amigo salvou-me a vida."

Bolado, o valentão questionou: por que depois que te bati, você escreveu na areia, e agora que te salvei, gravou na pedra?

O colega abriu o coração e explicou: "Quando um grande amigo nos ofende, devemos escrever na areia, onde o vento do esquecimento e do perdão se encarregam de apagar", pausou. "Porém, quando nos faz algo grandioso, devemos gravar na pedra da memória e do coração; onde vento nenhum do mundo poderá apagar", surpreendeu.

Protagonistas da final de hoje, às 12h (de Brasília), no Estádio Icônico de Lusail, Lionel Messi e Kylian Mbappé viajaram 29 dias pelo deserto do Catar em caminhos distintos. Chaves diferentes na primeira Copa no Oriente Médio. Amigos no Paris Saint-Germain, os camisas 10 de Argentina e França são responsáveis por encerrar longos períodos de seca e encontrarão no troféu um oásis para o fim da abstinência. Como no conto árabe, um deles pode levar bofetada na bola na decisão ou morrer na praia, mas a amizade continuará gravada na pedra.

Presente em cinco Copas, Messi escolheu a do Catar como saideira. Ele sabe o quanto caminhou para chegar até aqui. Eliminado nas quartas de final nas edições de 2006 e de 2010, vice em 2014, desbancado nas oitavas pela França nas oitavas, em 2018. No primeiro Mundial desde a morte de Maradona, ele pode encerrar 28 anos de um povo apaixonado pela seleção alviceleste. Souq Wakif, o ponto de encontro das torcidas em Doha, parecia o Obelisco ontem à noite. Tomada por hinchas em vigília. O estádio, hoje, será uma espécie de Monumental de Núñez.

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