O segundo dia do quarto júri da Chacina do Curió começa nesta terça-feira (26) com o depoimento das testemunhas de defesa a favor dos sete policiais militares réus. Nessa segunda-feira (25), o primeiro dia terminou com quatro testemunhas de acusação ouvida. Mais cinco pessoas haviam sido convocadas, mas a acusação ou as dispensou, ou então não as localizou, e o julgamento seguiu.
A sessão será retomada a partir das 9h, no Fórum Clóvis Beviláqua, e tem previsão de ouvir, pelo menos, seis pessoas, em sua maioria, da área técnica, como peritos e oficiais da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops).
Nesta terça, os sete réus foram intimados a comparecem ao plenário, para acompanharem o júri, já que a fase de interrogatório dos réus é a próxima e pode começar ainda na terça.
A nova etapa de julgamento é contra os PMs conhecidos como o "Núcleo da Omissão". Os policiais estavam de serviço na região do Curió e, segundo a tese do Ministério Público do Ceará (MPCE), poderiam ter evitado a Chacina.
COMO FOI O PRIMEIRO DIA DE JULGAMENTO?
O primeiro dia de julgamento começou na manhã de segunda com o sorteio dos jurados e a leitura da denúncia — que, sozinha, demorou cerca de 1h30 pela gravidade do caso —. Durante a tarde, iniciou a oitiva de testemunhas de acusação.
Todos eram homens e sobreviventes do episódio de violência ocorrido entre os dias 11 e12 de novembro de 2015. Um deles tinha 18 anos à época da chacina, e foi sequestrado e obrigado a andar de carro com homens camuflados com balaclavas. Ele informou que foi ameaçado de morte em mais de uma ocasião: "Se tu não colaborar vai acabar como os outros aí".
Um homem que levou cinco tiros e ficou paraplégico também foi ouvido no Júri, e relatou que soube que seus agressores eram policiais somente quando chegou ao hospital, horas depois.
O terceiro depoimento do dia foi de um sobrevivente que tinha 21 anos durante os fatos, em 2015, e que ficou sem metade do pulmão direito. O homem também teve a função de um dos braços comprometida por conta das agressões, e reviveu, durante o júri, os momentos de terror após ser abordado. "Eles desceram e já mandaram encostar na parede, chutaram as pernas. E perguntavam: “cadê, cadê. E a gente: “o que, senhor? Fui atingido no braço, cabeça e perna. Caí e fiquei inconsciente", contou.
O quarto sobrevivente ouvido relata que foi alvejado por cerca de oito tiros e que uma viatura caracterizada da PM passou por ele e negou socorro. Ele passou 22 dias internados, e dois deles em coma. Até hoje ele tem uma perna debilitada em decorrência do episódio violento.
(*) Diário do Nordeste
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