O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve apresentar nesta semana ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) um pacote de medidas para cobrir um rombo estimado em R$ 46 bilhões nas contas públicas até 2026. O buraco surgiu após a Câmara dos Deputados derrubar a medida provisória que buscava compensar a perda de arrecadação gerada pela redução do IOF.
A proposta será discutida assim que Lula retornar de Roma, onde participa do Fórum Mundial da Alimentação. Do total, R$ 31 bilhões correspondem à arrecadação frustrada — valores que o governo esperava receber com a MP — e outros R$ 15 bilhões se referem a cortes de gastos que deixaram de ser implementados.
Duas frentes estão em estudo: decretos que possam gerar receitas de forma imediata e um novo projeto de lei em regime de urgência, recuperando trechos centrais da MP rejeitada, como a cobrança retroativa de impostos sobre apostas esportivas e a limitação de compensações tributárias de grandes empresas. Só com as bets, a expectativa era arrecadar R$ 5 bilhões.
Para 2025, a Fazenda deve reforçar o bloqueio de despesas no Orçamento, que hoje está em R$ 12,1 bilhões, atingindo principalmente emendas parlamentares. Haddad descartou alterar a meta fiscal e afirmou que as medidas serão discutidas com Lula, que “não vai abrir mão do fiscal nem do social”.
Enquanto o ministro concentra esforços no pacote, Lula tem endurecido o discurso sobre tributação de setores de alta rentabilidade, como fintechs, e aliados do governo apontam a articulação de partidos do Centrão, com apoio de Tarcísio de Freitas, como principal responsável pela derrota no Congresso.
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