"Repugnante": mãe de Stefhani critica pena de 15 anos imposta a assassino da filha

 09/12/2021 > QUINTA-FEIRA

FORTALEZA, CEARÁ, 07-12-2021: Julgamento do caso Stefhani Brito, realizado no Fórum Clóvis Beviláqua.Movimentos de resistência realizaram protestos em frente ao local, reinvidicando justiça pelas vítimas de feminicídio. Rose Brito, mãe da vítima, segura um retrato de sua filha. (Foto: Fernanda Barros Especial Para O Povo)(foto: FERNANDA BARROS)


Um sentimento dúbio aflora na família de Stefhani Brito Cruz, morta aos 22 anos em janeiro de 2018, pelo ex-namorado Francisco Alberto Nobre Calixto Filho. O julgamento ocorrido nessa terça-feira, 7, levou à condenação do réu a 15 anos e dez dias de prisão em regime inicialmente fechado. Ainda que comemore que Francisco Alberto “finalmente, vá pagar” pelo crime, a mãe de Stefhani, Rosilene Brito, acredita que ele merecia uma pena maior. “É repugnante a decisão de somente 15 anos para um monstro que matou cruelmente uma pessoa indefesa”, afirma.

Francisco Alberto foi condenado por homicídio quadruplamente qualificado. O júri entendeu que o crime ocorreu por motivo torpe, teve emprego de meio cruel, uso de recurso que impossibilitou a defesa e também ocorreu em razão da vítima ser mulher (feminicídio). Ele também foi condenado por ocultação de cadáver. O Ministério Público Estadual (MPCE) vai recorrer da decisão, também entendendo que a pena deveria ser maior. No entendimento do MPCE a sentença deixou "deixou de reconhecer circunstâncias desfavoráveis" ao réu.

Rosilene diz ter “fé em Deus” que o MPCE vai conseguir majorar a pena. “Para nós, da família (a pena) é um consolo”, afirma ela. “Não vai mais trazer ela de volta, quem perdeu foi ela, nós, e ele está aí, pode sair a qualquer ano, com bom comportamento. É complicado a gente pensar e repensar que ele merecia só 15 anos”, desabafa. Com a atual condenação, Alberto poderá pedir progressão de regime após completar 2/5 da pena. Rosilene diz que não só vai continuar lutando para aumentar a condenação, mas também para que outras mulheres não venham a sofrer a violência de gênero que a filha sofreu.

Conforme a denúncia do MPCE, Stefhani e Alberto mantiveram, "entre idas e vindas", relacionamento que durou cerca de seis anos, marcado por várias agressões. Quando houve o crime, os dois já estavam separados. Ele, porém, chamou-a para um encontro em 1º de janeiro de 2018 e iniciou as agressões por causa de uma suposta foto que comprovaria uma “traição”.

Após matar Stefhani, Alberto levou o seu corpo em uma moto e o abandonou às margens da Lagoa da Libânia, no bairro Mondubim. Em seguida, ele fugiu. Alberto ficou mais de um ano foragido, sendo colocado na lista dos mais procurados do Estado. Em 25 de fevereiro de 2019, ele foi preso em Mãe do Rio (PA).


Durante o seu depoimento, no Tribunal do Júri, ele argumentou que praticou o crime sob "violência emoção". Ele ainda afirmou que "fazia tudo por Stefhani" e que provia o sustento da casa. A defesa técnica do réu defendia a exclusão das qualificadoras e a absolvição pelo crime de ocultação de cadáver.


As teses defensivas foram rebatidas pelo MPCE e pelos advogados assistentes de acusação. Citando um texto da professora Luisa Nagib, do livro “A paixão no banco dos réus”, — que diz que a paixão que move a conduta criminosa não resulta do amor, mas, sim, do ódio, da possessividade, do ciúme, da busca de vingança, do sentimento de frustração e da prepotência —, o promotor Marcus Renan Palácio afirmou que o homicida passional é movido pelo amor a si mesmo, o narcisismo. Segundo o promotor, não houve traição no Réveillon. "Esse argumento, para além de pífio, revela um narcisismo e um machismo sem precedentes, inaceitáveis, pois", afirmou.

"Ele não se satisfez em só quebrar as costelas, ele não se satisfez em quebrar só a perna. Ele queria quebrar a cabeça a pauladas, que lhe provocou um traumatismo encefálico rompendo até a cervical".

(*) O POVO

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