Bolsonaristas pedem que Olavo de Carvalho entre para o Livro de Heróis da Pátria

"ESSA PANDEMIA NÃO EXISTE"


Um grupo de deputados do PSL ligados ao presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou um projeto de lei para inscrever o escritor e filósofo Olavo de Carvalho, que morreu aos 74 anos de Covid-19, no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. A proposta foi protocolada ontem,  na quarta-feira (2), primeiro dia de trabalho do ano da Câmara dos Deputados.
O escritor era tido como um guru da ala bolsonaristas e ícone do movimento conservador. Nos últimos meses de vida, porém, fez críticas ao governo Bolsonaro e brigou com pessoas próximas ao presidente da República. Além disso, minimizou a pandemia de Covid-19 e questionou a vacina contra a doença.

Na proposta, os deputados reconhecem que a linha ideológica de Olavo gerava polêmicas e desagradava parte da comunidade literária, mas defendem que o escritor tinha como tônica de sua obra “a defesa da interioridade humana contra a tirania da autoridade coletiva, sobretudo quando escorada numa ideologia ‘científica’”.

“A obra de Olavo de Carvalho tem ainda uma vertente polêmica, onde, com eloquência contundente e temível senso de humor, ele põe a nu os falsos prestígios acadêmicos e as falácias do discurso intelectual vigente”, diz trecho da justificativa do projeto.

“Seu livro O Imbecil Coletivo: Atualidades Inculturais Brasileiras (1996) granjeou para ele bom número de desafetos nos meios letrados, mas também uma multidão de leitores devotos, que esgotaram em três semanas a primeira edição da obra, e em quatro dias a segunda”, reconhecem os deputados.

Os parlamentares destacam que ele “era e continuará sendo saudado pela crítica como um dos mais originais e audaciosos pensadores brasileiros”. Citam, ainda, que “homens de orientações intelectuais tão diferentes quanto Jorge Amado, Arnaldo Jabor, Ciro Gomes, Roberto Campos, J. O. de Meira Penna, Bruno Tolentino, Herberto Sales, Josué Montello e o expresidente da República José Sarney já expressaram sua admiração pela sua pessoa e pelo seu trabalho”.

Acrescentam também que Olavo de Carvalho era “professor de gerações de brasileiros” e que sua obra “despertou o interesse pela liberdade e por valores conservadores”.

“Atualmente milhares de seguidores e milhões de admiradores de seus ensinamentos e suas posições pró-liberdade. A defesa intransigente da liberdade, a valorização da busca pelo conhecimento, e sua postura de participação cívica, o tornam merecedor desta homenagem”, finalizam.

A proposta foi encabelada pela deputada federal Carla Zambelli (SP) e assinada, também, pelos deputados Luiz Philippe de Orleans e Bragança (SP), Carlos Jordy (RJ), Junio Amaral (MG), Filipe Barros (PR), Coronel Tadeu (SP), Major Fabiana (RJ), Sanderson (RS) e Daniel Silveira (RJ).

O Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria existe desde 7 de setembro de 1989 e tem valor simbólico na preservação da memória nacional. É mantido dentro do Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes, em Brasília (DF), entre os prédios do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal.

Com o objetivo de homenagear personagens considerados fundamentais para a construção da história brasileira, a obra abriga nomes como os escritores Machado de Assis e Euclides da Cunha, a estilista Zuzu Angel e o político Leonel Brizola. Outros nomes são cotados para integrar a lista, como o do piloto Ayrton Senna.

Pela proposta legislativa, Olavo de Carvalho entrará como figura no Livro dez anos após sua morte, ou seja, em 2032. Mas para que isso aconteça, o projeto precisa ser aprovado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, o que não tem previsão de acontecer, e ainda ser sancionado pelo presidente da República.

Fonte: O Tempo

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