25/02/2022 <> SEXTA-FEIRA
A Ucrânia decretou nesta sexta-feira, 25, uma mobilização geral para tentar frear a ofensiva total da Rússia, que em menos de 24 horas se aproximou da capital, Kiev, deixando mais de 100 mortos e quase 100.000 deslocados.
Em resposta à invasão, o Ocidente e seus aliados endureceram as sanções econômicas contra a Rússia, julgadas insuficientes pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que lamentou que seu país tenha foi deixado "sozinho" para enfrentar as tropas russas.
A mobilização geral afetará pessoas submetidas ao "serviço militar obrigatório e reservistas" e vigorará por 90 dias, especificou o decreto emitido por Zelensky.
Pelo menos 137 pessoas morreram, civis e soldados, e 316 ficaram feridas como resultado dos ataques aéreos e terrestres, disse o presidente.
As tropas russas entraram pelo norte, sul e leste do país e tomaram uma base aérea estratégica perto de Kiev, assim como a área da usina de Chernobyl, ainda contaminada pela radioatividade do acidente nuclear de 1986, quando a Ucrânia fazia parte da agora desmembrada União Soviética.
A base aérea de Gostomel caiu após um ataque realizado por soldados chegados de helicóptero de Belarus, país aliado da Rússia, relataram testemunhas. "Os helicópteros chegaram e começaram os combates. Atiravam com metralhadoras e lança-granadas", disse uma das testemunhas, Serguiy Storojouk.
Esse aeródromo pode servir como posto avançado para o lançamento de uma ofensiva contra Kiev, onde, segundo Zelensky, já há "grupos de sabotagens" russos. Na madrugada desta sexta-feira, a capital acordou novamente com fortes explosões, constatou a AFP.
Na região de Sumy (nordeste), na fronteira com a Rússia e não muito longe de Kiev, todos os municípios "estão cercados" e "muitos" veículos blindados russos marcharam em direção a Kiev, disse o governador Serhiy Zhyvytskiy à agência UNIAN.
O Ministério da Defesa russo disse que todas as missões neste primeiro dia de operações "foram concluídas com sucesso".
O presidente Vladimir Putin, que durante semanas enviou mais de 150.000 soldados nas fronteiras com a Ucrânia, anunciou o começo da ofensiva durante a madrugada desta quinta-feira. O exército russo afirmou que destruiu 74 instalações militares, entre elas 11 aeródromos, e que os separatistas estão avançando e assumindo o controle dos territórios.
Por sua vez, as forças armadas ucranianas estimaram os danos infligidos ao exército russo em mais de 30 tanques, até 130 veículos de combate, 7 aviões e 6 helicópteros.
Putin, que exige que a Otan feche suas portas à Ucrânia, garantiu que não busca a "ocupação" desta ex-república soviética, mas "uma desmilitarização e desnazificação" do país e a defesa dos rebeldes pró-russos.
Quase 100.000 pessoas fugiram de suas casas e milhares buscaram refúgio no exterior, indicou a ONU. Olena Kurilo foi ferida por estilhaços de vidro em sua casa, provocados por bombardeios em Chuguev, perto de Kharkov. "Nunca, sob nenhuma condição, vou me render a Putin. É melhor morrer", declarou a professora de 52 anos, com o rosto coberto de bandagens.
Sanções e impactos na economia mundial
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou restrições às exportações para a Rússia e às importações de tecnologia do país, bem como sanções contra bancos e magnatas russos. Japão e Canadá decretaram medidas similares contra Moscou.
A União Europeia também decidiu adotar sanções com consequências "maciças e severas" contra a Rússia, que terão como alvo o setor financeiro, energia, transporte, controle de exportações e restrições de vistos.
O pacote de sanções "aumentará a inflação, acelerará a fuga de capital e afetará progressivamente a base industrial" da Rússia, afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
(*) O Povo
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