Suisse Secrets: banco suíço manteve conta de criminosos condenados



Um vazamento de dados revelado por diversos veículos de imprensa nesse domingo, 20, mostrou que o banco suíço Credit Suisse manteve, por anos, contas de criminosos condenados. As informações foram analisadas por mais de 160 jornalistas, ao longo de meses, antes da publicação.

As informações foram levadas ao jornal alemão Süddeutsche Zeitung, o mesmo responsável pela divulgação dos Panama Papers. Segundo o veículo, o vazamento veio de um denunciante interno do banco.

O jornal é ligado ao Organized Crime and Corruption Reporting Project (Projeto de Reportagens em Crime Organizado e Corrupção, OCCRP na sigla em inglês). A OCCRP, como o nome indica, é uma rede internacional de imprensa dedicada a investigar escândalos de corrupção.

Nos meses seguintes, quase 50 jornais ligados à OCCRP, em 39 países, se dedicaram a investigar as informações. O trabalho revelou a conivência do Credit Suisse com dinheiro proveniente de crimes como tráfico de drogas, fraude financeira, lavagem de dinheiro e desvios em governos autoritários.

O vazamento contém informações de registros bancários mantidos por décadas — os primeiros remontam aos anos 1940. No entanto, há dados mais recentes, com algumas contas estando abertas até hoje.

As informações contidas no vazamento dizem respeito a mais de 18 mil contas bancárias, com mais de 30 mil clientes registrados. O valor aproximado é de 100 bilhões de francos suíços — equivalentes a R$ 556 bilhões.

Credit Suisse abriu contas para criminosos após condenação

Alguns dos exemplos relatados no vazamento indicam que pessoas com condenações por vários crimes conseguiram abrir contas no Credit Suisse mesmo com a origem dos valores sendo comprovadamente criminosa. Entre os casos, há condenados por fraude fiscal, corrupção e até tráfico de pessoas.

De acordo com o relatório, um destes é Stefan Sederholm, um sueco condenado nas Filipinas por manter mulheres em cárcere privado e obrigá-las a realizar shows pornográficos pela internet. Preso na Tailândia, Sederholm foi considerado culpado por tráfico humano em 2011. A conta dele no Credit Suisse, porém, seguiu aberta até 2013.

Caso ainda em andamento é o de um cartel de tráfico de cocaína na Bulgária, cujo processo corre na Justiça suíça, com o banco como um dos réus. Nas investigações, conforme as informações, descobriu-se que o Credit Suisse manteve contas dos criminosos abertas mesmo após a quadrilha ser denunciada.

Outro que se tornou cliente do Credit Suisse após a condenação foi Rodoljub Radulovic, sérvio julgado em 2004 por fraude no mercado de ações. Ele chegou a ter duas contas no banco, ambas abertas após a Justiça estadunidense declarar Radulovic culpado. Elas foram encerradas em 2010.

Ainda mais evidente é o caso de Ronald Li Fook-shiu. Ex-presidente da bolsa de valores de Hong Kong, ele foi condenado em 1990 por cobrar propina para permitir que empresas negociassem ações na bolsa. Em 2000, porém, ele conseguiu abrir uma conta no Credit Suisse, que chegou a ter saldo de 59 milhões de francos suíços (cerca de R$ 328 milhões).

Em situação similar está Eduard Seidel, que foi chefe da Siemens na Nigéria durante os anos 2000. Em 2008, ele foi condenado por pagar suborno a políticos nigerianos para conseguir contratos com o governo. Anos após a condenação, a conta de Seidel no Credit Suisse, com 54 milhões de francos suíços (aproximadamente R$ 300 milhões), seguia aberta. Ela foi encerrada apenas na década seguinte.

(*) O Povo

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