Guerra na Ucrânia já causa efeitos na disputa eleitoral brasileira


A invasão russa à Ucrânia tornou-se pauta eleitoral no Brasil. Desde a última quinta-feira, quando o presidente Vladimir Putin autorizou a operação militar no leste europeu, pré-candidatos ao Palácio do Planalto dirigem críticas aos adversários ao comentar a violência sofrida pelos ucranianos. Além da postura do presidente Jair Bolsonaro frente ao conflito, o debate passou a abordar a política externa brasileira, assunto que usualmente recebe pouca atenção na campanha eleitoral.

Líder das pesquisas de intenção de voto, Luiz Inácio Lula da Silva foi às redes sociais questionar "para que serve um presidente que briga com todo mundo". "Até em coisas sérias, ele (Bolsonaro) mente, disse que tinha conseguido a paz ao viajar para a Rússia", escreveu Lula. O petista referiu-se à declaração de Jair Bolsonaro de que Putin "busca a paz" e que, "coincidência ou não, parte das tropas deixaram a fronteira" durante a visita do presidente brasileiro.

Terceiro colocado na corrida eleitoral, Sergio Moro preferiu criticar ambos concorrentes. Acusou Bolsonaro e o Partido dos Trabalhadores de estarem alinhados a apoiadores da Rússia. "Venezuela, Nicarágua e Cuba apoiam a agressão Russa à Ucrânia. Alinhados com estas ditaduras estão também Bolsonaro e o PT. Nós estamos do outro lado", escreveu.

O presidenciável João Doria (PSDB-SP) também atacou os dois pólos. Sobre a nota do PT contra os Estados Unidos, depois apagada, o tucano disse que o partido "desprezou a dor e o sofrimento de seres humanos para defender um ditador". Ontem, criticou Jair Bolsonaro: "Ao não assinar carta da OEA condenando a invasão russa à Ucrânia, o Brasil fica ao lado de ditaduras como Cuba e Nicarágua, que também se recusaram a ratificar o documento. 500 brasileiros esperam por ajuda na Ucrânia. Este governo ficará ao lado da democracia ou do autoritarismo?", disparou o governador.

O Planalto reagiu. A primeira contraofensiva partiu do ministro chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira. Segundo ele, a politização da guerra na Ucrânia é "oportunista". Em resposta à sugestão de Lula para Bolsonaro ir à Ucrânia em busca de paz, o ministro disse que o Brasil deve se preocupar com a Urânia, "um dos quase 70% dos municípios brasileiros com menos de 20.000 habitantes que precisam de políticas públicas", escreveu. Segundo Ciro, é preciso "resolver os problemas brasileiros e não usar ironias estudantis para atacar o presidente Bolsonaro".

Related Post

Guerra na Ucrânia já causa efeitos na disputa eleitoral brasileira BLOG DO CARLOS DEHON Rating: 5 segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...