De “mulas” a ostentação. Veja como traficantes se aliaram a militares para enviar drogas à Europa

 07/02/2021 > DOMINGO

Inquéritos conduzidos pela Polícia Federal indicam que os 39kg de cocaína transportados à Espanha pelo sargento da Força Aérea Brasileira (FAB) Manoel Silva Rodrigues, em junho de 2019, pertenciam a traficantes internacionais que moram em Brasília.
O Metrópoles teve acesso a trechos da investigação, que culminou na Operação Quinta Coluna, deflagrada na última terça-feira (2/2). Os documentos detalham como os criminosos se associaram a militares com o objetivo de transportar entorpecentes para a Europa.
De acordo com a apuração da PF, Marcos Daniel Penna Borja Rodrigues Gama, morador do Lago Sul e conhecido como “Chico Bomba”, seria o chefe da organização criminosa especializada em tráfico internacional que contou com integrantes da FAB para levar cocaína a outros países.
Gama é apontado como um dos donos da cocaína encontrada na mala do sargento Rodrigues, em 2019. O flagrante foi realizado durante uma escala em Sevilha, na Espanha. O militar estava a bordo de uma aeronave de apoio à comitiva do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), que viajava ao Japão para a reunião da cúpula do G20.
Lavagem de dinheiro
Marcos Gama mantém negócios que, de acordo com a Polícia Federal, serviriam para lavagem de dinheiro. Ele é sócio da Premier Academia Ltda., localizada na Asa Sul; da Belix Incorporações, na Asa Norte; e da PCL Serviços Administrativos, em Santa Catarina. As empresas também foram alvo da PF na operação de terça-feira.
Além das empresas, Gama tem imóveis de alto padrão. Segundo informações da Receita Federal do Brasil, há duas propriedades milionárias no nome dele: uma de R$ 1,6 milhão e outra de R$ 2,3 milhões.
O investigado também comprou um veículo Mitsubishi ASX por R$ 101,5 mil e obteve acréscimo patrimonial de R$ 3,3 milhões sem comprovação da origem dos rendimentos. Segundo as apurações, a compra dos imóveis foi realizada mediante a participação de familiares do investigado – como pai, ex-esposa e filha.
Depoimentos colhidos pela PF detalham que o pagamento dos bens adquiridos era feito sempre em espécie. Para os investigadores, as transações financeiras apontam forte indício da prática de lavagem de dinheiro, em que pessoas próximas dos investigados são utilizadas para receber recursos de origem ilícita sem prestarem contas ao Fisco.
Gama ainda tem passagem na polícia por outros delitos, como posse ilegal de arma de fogo, receptação e estupro.
METRÓPOLES

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