Governo se une para blindar Moro após divulgação de conversas

11/06/2019, TERÇA-FEIRA
O governo montou uma força-tarefa para blindar o ministro da Justiça, Sérgio Moro, das acusações de parcialidade em julgamentos referentes à Operação Lava-Jato, após a invasão criminosa e o vazamento de troca de mensagens do então juiz com o procurador Deltan Dallagnol. O problema é que, por ora, a articulação é frágil. O presidente Jair Bolsonaro não se pronunciou nesta segunda-feira (10/6) e qualquer declaração deve ser feita só depois de reunião marcada para esta terça-feira (11/6) com Moro. A cúpula militar do executivo saiu em defesa de Moro mas o núcleo político comandado pelo ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, não deu diretrizes às lideranças partidárias e a aliados de como se portar no Congresso. Sem engajamento no Legislativo, até o sucesso de acordo para a votação do Projeto de Lei do Congresso Nacional (PLN) 4/2019 não está totalmente garantido. A proposta dispõe sobre o crédito suplementar solicitado pelo governo ao parlamento para quitar, por meio de operações de crédito, despesas correntes de R$ 248,9 bilhões. Em conversas privadas ou em grupos de WhatsApp, deputados dizem que a reforma da Previdência será blindada, mas “o resto será reanalisado”. Ou seja, o governo precisará reavaliar e intensificar as articulações pauta a pauta. A orientação política deveria ser feita por Onyx, que nada fez, criticam parlamentares. Em reunião com lideranças do governo e aliados, nesta segunda-feira (10/6) à noite, no Palácio do Planalto, não deu diretrizes sobre a atuação. A inércia do ministro freou um movimento que começou a ser construído por deputados do baixo e médio cleros para apoiar Moro e o governo. O clima é de cautela, reconheceu o líder do Podemos na Câmara, José Nelto (GO). “Eu me reunirei com aliados para ver se e como apoiamos. Temos de dar um voto de confiança a Moro, e acho que o Planalto está blindado desse assunto, mas tudo depende se tem ou não novos vazamentos”, disse. Por ora, o apoio formal ao governo no parlamento reside no PSL. A deputada Carla Zambelli (PSL-SP) e outros correligionários traçam uma estratégia de, nas redes sociais e nas sessões plenárias, ridicularizam a oposição e mostram como as críticas de partidos como PT e PSol reforçam o trabalho contra a corrupção, sem uma suposta interferência de Moro nas ações da força-tarefa da Lava-Jato. “Iremos às ruas se a coisa se acirrar, mas a linha, agora, é pegar a lista do Janot (nomes denunciados pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot) e pressionar pelos julgamentos. Vamos defender a Lava-Jato e ironizar quem questiona a conduta do ministro”, destacou a parlamentar. A área militar do governo também deixou claro o apoio a Moro. O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência, Augusto Heleno, disse, em nota, que o “desespero dos que dominaram o cenário econômico e político do Brasil levou seus integrantes a usarem meios ilícitos para tentar provar que a Justiça os puniu injustamente”. “Querem macular a imagem do dr. Sérgio Moro, cujas integridade e devoção à Pátria estão acima de qualquer suspeita”, sustentou. O discurso foi reforçado pelo ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, ao garantir nesta segunda-feira (10/6) que Moro tem a confiança do governo. “Ele é um ministro, um homem de muito respeito e do bem”, declarou. O vice-presidente Hamilton Mourão classificou o ex-juiz como alguém da “mais ilibada confiança do presidente” e disse que “conversa privada é conversa privada”. “Descontextualizada, ela traz qualquer número de ilações. (Moro) É uma pessoa que, dentro do país, tem um respeito enorme por parte da população, visto as pesquisas de opinião sobre a popularidade dele”, frisou.
Correio Braziliense







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