Sendo eu um fracasso nas redes sociais, o anti-influenciador nato, e sem ter mais o que fazer, resolvi ler Coriolano, de Shakespeare. A certa altura, alguns personagens discutem sobre o governo de Roma, quando um deles diz: “Vocês perdem a paciência com questões sem importância alguma. Deixam seus sentimentos correrem soltos, sem refrear suas inclinações naturais. Ficam irritados o tempo todo e parece que gostam disso”. Imediatamente reconheci o tipo. São ou não são os radicais de direita e de esquerda que se mostram a patrulhar a opinião dos outros?
Parecem ou não com certos governistas e opositores, no Brasil e mundo afora? Resolver problema que é bom, nada. Sobram sentimentos e inclinações sobre assuntos desimportantes, mas falta efetividade para os verdadeiros desafios da nação. Os governistas descobriram agora, no final do governo Lula 3, que esse papo de justiça tributária pode render uma bela bandeira eleitoral. Já Bolsonaro condiciona seu apoio a presidenciáveis à promessa de anistia para ele. O Congresso aumenta o número de deputados e o STF viaja para Portugal.
Enquanto isso, no mundo real, as facções pintam e bordam, atuando, até na política. Em Santa Quitéria, no Ceará, criminosos intimidaram eleitores e ameaçaram adversários do ex-prefeito Braguinha (PSB). No Choró, o ex-prefeito Bebeto Queiroz, também do PSB, segue foragido e fica tudo por isso mesmo. Quem se importa? Na reunião do Mercosul, em Buenos Aires, o argentino Javier Milei pediu ação conjunta contra o avanço internacional de facções criminosas brasileiras. Repito: quem se importa?
No Brasil, as grandes preocupações das nossas autoridades é a discussão sobre censura nas redes sociais e a briga entre os poderes da República pelas verbas que todos sustentamos. Nas peças de Shakespeare, os heróis são corajosos e honrados, e os vilões, quando menos, são astutos e inteligentes. Já por aqui…
▪️ Wanderley Filho é colunista de política da Jangadeiro BandNews FM 101.7. Esta coluna é publicada quinzenalmente no Instagram do JJ.
(FOTO: Agência Brasil/ Ricardo Stuckert)
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