O presidente Jair Bolsonaro iniciou seu governo em alta velocidade. Reduziu ministérios, diminuiu gastos, fez a reforma da Previdência e criou leis para privatizar. Parecia um projeto em construção. Tudo desmoronou, em três meses. Há mais de um ano, seu governo perdeu as principais estrelas, ministros importantes. Sem diálogo com o Congresso e o Judiciário, definhou.
Os dois maiores e mais importantes ministérios da República são da área social e estão sem titulares: Educação e Saúde. Imaginem: em meio à pandemia, o Brasil está, há dois meses, sem ministro da Saúde. Ruim para o país e para um povo doente.
Bolsonaro perdeu sua maior referência: o ministro Sérgio Moro, mundialmente respeitado pelo combate à corrupção e referência no campo da ética.
Agora, Bolsonaro enfrenta os tribunais. Será julgado por crime eleitoral no TSE, tem familiar envolvido em rachadinhas, ele próprio, sendo acusado de abrigar um "gabinete do ódio” e seu advogado escondendo um criminoso, que pode implodir o governo. Fabrício Queiroz, um bandido que todo o Rio de Janeiro conhece.
Bolsonaro recebeu o voto da esperança, da volta da moralidade pública, da reconstrução ética de uma nação corroída pela corrupção. Toda essa pauta está sendo desidratada, aos poucos, sendo trocada, esquecida.
Para se segurar no cargo, Bolsonaro se uniu aos que prometeu banir da vida pública Se juntou ao centrão, jogou 2.500 militares nos cargos comissionados e não consegue enxergar nada positivo para se agarrar e salvar seu governo.
No Rio de Janeiro, tem a esquerda caviar do Leblon, a direita de Copacabana e as milícias e traficantes, que colocam os moradores do morro para sustentar suas traquinagens. Bolsonaro levou o estilo carioca para o seu governo. Não está dando certo porque nem sempre se leva vantagem em tudo.
O presidente tem tempo para uma virada. Precisa se reconciliar com o Estado brasileiro, suas leis, seus representantes. Bolsonaro precisa romper com criminosos que dividem postagens nas redes sociais. Finalmente, o presidente precisa se encontrar com seus 57 milhões de eleitores, pessoas honestas, sem partido, apenas apaixonados por um país. Gente que sonha com escola de qualidade, atendimento médico digno, transporte público e o direito de sair de casa, retornando vivo e não dentro de um caixão. Bolsonaro ainda tem tempo para salvar seu mandato. É só olhar pra frente, renunciar à influência dos fllhos, buscar bons conselheiros, nomear agentes políticos que saibam fazer política. Precisa governar, enfim. Parar de brigar, sair da guerra, vencer as batalhas, trabalhando duro para salvar os doentes da pandemia, melhorar a vida das pessoas.
Roberto Moreira
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