Aos 101 anos, morre Joaquim Barbosa, sobrevivente dos campos de concentração do Ceará




Morreu na manhã desta terça-feira, 1º de março, um dos habitantes mais velhos de Senador Pompeu, município a 268 quilômetros de Fortaleza. Joaquim Barbosa, nascido em 20 de outubro de 1920, tinha 101 anos e marcava todos com quem conversava por seu bom humor e boa memória.

Na infância, ele e sua família estiveram no Campo do Patu e no Campo do Urubu, dois dos sete campos de concentração instalados no Ceará durante a Seca de 1932. Parte do que se sabe sobre os locais vem das lembranças de Joaquim contadas a pesquisadores e jornalistas.

O agricultor sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) agudo no último domingo, 27. Foi socorrido no Hospital Regional do Sertão Central, em Quixeramobim, mas não resistiu e morreu nesta manhã. Deixa sete filhos, cerca de 40 netos e 25 bisnetos.

Com seus conhecimentos e experiência de vida, Joaquim era "ouvido e valorizado por toda a comunidade", como ressalta uma de suas netas, a professora Maria Jardênia Alves Lima. "Somos gratos a Deus pelo grande esposo, pai, avô e ser humano que foi em quanto esteve entre nós. Sua luta e sua memória sempre estarão conosco", afirma.

No dia 18 de fevereiro, O POVO conversou com Seu Joaquim em sua casa na localidade de São Mateus, a 30 km de Senador Pompeu. A entrevista faz parte de reportagem especial que será publica no O POVO+. Confira abaixo um trecho da conversa:

O POVO - Já se vai mais de um século de vida, né, Seu Joaquim? Como o senhor se sente com isso?

Joaquim Barbosa - Eu vou dizendo para todo mundo que não sei pagar o milagre que Deus me fez. Ele vai me dando 102 anos de vida, seis filhos todos criados com o trabalho na terra, e os netos, que alguns até já pegaram instrução maior que a nossa. Tive muitas alegrias, mas a maior foi quando disseram “completou os cem anos”. Para mim, eu nasci de novo. Não há nada melhor que a vida da gente; ter vida é a melhor coisa do mundo.

OP - E com tanta vida, o que o senhor tem vontade fazer?

Joaquim - O que fiz muito e ainda gosto de fazer é andar. Por mim, a minha convivência era só andando no mundo, passeando, brincando, divertindo. Por mim, era assim até o dia que eu ainda tiver memória; quando não tiver mais, Deus pode levar.

(*) O Povo

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